Periférico

Um Blog desalinhado, independente e situado à margem do politicamente correcto! O olhar de um Periférico na periferia da Europa.

sexta-feira, abril 28, 2006

Artéria da Utopia

Entardecer primaveril no passado Sábado. A Norte do Mondego o país é presenteado com um dia de primavera e no Solar do Vinho do Porto presencio um pôr-do-sol digno dessa palavra bela e cromática que dá pelo nome de crepúsculo. Pouco antes e perto dali, na Rota do Chá, tinha viajado com os sabores dum Epices Zanzibar.

Nesse final de tarde uma rua da Invicta fervilha e parece mais animada do que as outras: trata-se de mais uma inauguração simultânea de exposições nas galerias dessa artéria da utopia e do sonho designada por Rua Miguel Bombarda. Mais tarde o resto da cidade irá despertar numa ebulição popular: o Futebol Clube do Porto conquistou mais um campeonato! Eu fico feliz com os dois acontecimentos, mas esta artéria da Invicta dá cartas e é uma eterna campeã da Cultura, da Arte, do Sonho e da Utopia!

Bom fim-de-semana! :-)

quinta-feira, abril 27, 2006

Carioca

"Mesmo sem ser dado a carioquices, acho que sim, que ainda existe um humor carioca, um estilo de vida que tem certa leveza, um não se levar a sério... Isto tem a ver com a natureza... Eu moro perto do morro Dois Irmãos. Vejo o morro e penso que não posso me levar tão a sério ao pé daquela montanha... Há cidades que se orgulham de terem sido feitas pelos homens, como São Paulo. O paulista se orgulha muito de ter construído a sua cidade. O Rio é uma obra da natureza. Aqui ninguém se leva a sério e todo o mundo tem bom humor diante da beleza da cidade. É um humor que vem da leveza. São Paulo tem um humor pesado, o contrário do Rio. Com a paisagem carioca, até o engarrafamento fica agradável... Ao mesmo tempo, esse não se levar a sério pode descambar para a esculhambação. A gente às vezes não sabe o limite..."

Excerto da entrevista a Chico Buarque no Globo Online a pretexto do lançamento do seu novo disco chamado "Carioca".

quarta-feira, abril 26, 2006

¿Cuál es la palabra más bella del castellano?

A Escuela de Escritores de nuestros hermanos levou a cabo uma votação durante o mês de Abril para descobrir qual a palavra mais bela da língua castelhana. Durante os 21 dias em que decorreu esta iniciativa 41022 internautas enviaram 7130 termos diferentes e explicaram as razões porque os tinham escolhido. A palavra AMOR com um total de 3.364 votos foi a eleita. No Top 10 posicionaram-se de seguida as palavras: libertad, paz, vida, azahar, esperanza, madre, mamá, amistad e libélula.

Esta foi a forma original que a Escuela de Escritores encontrou para celebrar este ano o Dia Mundial do Livro que se comemorou no passado Domingo (23 de Abril). As duas únicas condições impostas para a escolha da palavra era que não fosse um nome próprio e constasse do dicionário de língua castelhana.

Já agora faço a pergunta e para vós qual é a palavra mais bela da língua portuguesa?;-)

segunda-feira, abril 24, 2006

Afinal existem loiras inteligentes...

- Conheço uma maneira de conseguir uns dias de folga - diz o empregado à sua colega loira.
- E como é que vai fazer isso? - pergunta a loira.
- Vou demonstrar - explica o empregado.
Nisto, ele sobe pela viga e pendura-se de cabeça para baixo no tecto. Nesse momento o chefe entra, vê o empregado pendurado no tecto e pergunta:
- Que diabos você está fazendo aí?
- Sou uma lâmpada - responde o empregado.
- Hummm..., acho que você precisa de uns dias de folga. Vá para casa.
Ouvindo isto, o homem desce da viga e dirige-se para a porta. A loira prepara-se imediatamente para sair também. O chefe puxa-a pelo braço e pergunta-lhe:
- Onde você pensa que vai?
- Eu vou pra casa! Não consigo trabalhar às escuras...!

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

Etiquetas:

sexta-feira, abril 21, 2006

A Harmonia das Nações

A festa da música deste ano tem uma bela designação A Harmonia das Nações e é uma viagem musical pela Europa Barroca. O programa refere-se à música do período que medeia entre 1600 e 1750 e inclui Bach, Handel, Telemann, Purcell, Vivaldi, Carlos Seixas e Francisco António Almeida.

Esta foi uma época em que esta “nova” música, através dos seus elementos estilísticos, ajudou a cimentar uma identidade europeia. A identidade de um país, de uma região, de um continente está sempre intimamente ligada à sua cultura e suas manifestações.

George Steiner, na sua dissertação sobre a “A Ideia de Europa” aponta-nos outro curioso marcador da nossa identidade europeia: “A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo. […] Desenhe-se o mapa das cafetarias e obter-se-á um dos marcadores essenciais da “ideia de Europa”.

Música e Cafés uma bela associação para nos sentirmos Europeus! ;-)

Bom Fim-de-Semana.

quinta-feira, abril 20, 2006

Big Mother is watching you!

Lembram-se do 1984 do George Orwell? Pois bem a realidade ultrapassa sempre a ficção!!! Na América, uma empresa de comunicações passou a disponibilizar um novo serviço, que permite aos extremosos pais localizarem os seus filhos. Através da funcionalidade de GPS presente em alguns telemóveis e por apenas 9,99$ mês, os extremosos pais que recorrerem ao serviço com o apelativo nome de Family Locator podem saber onde se encontram os filhos a qualquer momento, ou melhor onde se encontra o telemóvel dos filhos! Uma precisão linguística que poderá fazer toda a diferença para as crianças do futuro.

O serviço também permite saber os anteriores movimentos das crianças marcando num mapa as localizações mais recentes com o sugestivo nome de breadcrumbs. Os pais mais desconfiados têm mesmo a possibilidade de marcar safety checks que serão feitos automaticamente nos horários escolhidos, isto pode ser particularmente útil se quiserem saber se os rebentos sempre foram às actividades extra-escolares ou se deram uma escapadela até ao centro comercial mais próximo.

A ideia de se controlar a prole desta forma é estranha e em certa medida alarmante, que é feito da confiança? Do sentido da responsabilidade? É assim que se vão educar as crianças do futuro? Com a sensação que estão sempre a ser observadas? Controladas?

Este medo que paira na América e cria mercado para este tipo de serviços deve-nos fazer pensar. Começa-se por controlar os filhos, depois o cônjuge, a seguir os amigos e qualquer dia somos todos nós que andamos a ser controlados pelo patrão, pela polícia, pelo estado, enfim uns pelos outros. Que será do ser humano sem uns graus de liberdade? E com a desconfortável sensação que está sempre a ser observado? Um ser mais pobre e infeliz certamente.

quarta-feira, abril 19, 2006

Cores

As cores influenciam o nosso estado de espírito, o nosso humor, a nossa disposição sem que tomemos bem consciência disso. As cores falam, vendem e transmitem emoções especialmente na primavera.

segunda-feira, abril 17, 2006

Gripe Aviária

A loira chega toda nervosa...
- Ih, amiga, estou apavorada com essa tal da gripe do frango... Eu adoro um frango. Será que eu vou ter que parar de comer frango?
- Não se preocupe, não, porque esse negócio de gripe do frango só dá na Ásia.
- Puxa, logo a parte que eu mais gosto!

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

Etiquetas:

quinta-feira, abril 13, 2006

Pesadelo Periférico

Alguém me explica porque é que um passageiro em trânsito tem que passar de novo por um detector de metais? Pois foi o que me aconteceu no aeroporto da Portela na passada sexta-feira de regresso ao Porto. Como se já não bastasse o avião ter chegado a Lisboa atrasado uma hora, a minha ligação para o Porto estar comprometida, e ter esperado dez minutos dentro do avião por um autocarro. Quando chego ao balcão das transferências dizem-me rispidamente, perante vários protestos de vários passageiros na mesma situação, para nos apressarmos por que têm a indicação de que estão ainda embarcar na porta 1 o nosso voo para o Porto. Já ia eu em passo de corrida quando sou confrontado com uma barreira de controlo de metais. Tento explicar aos responsáveis que vou perder a minha ligação, que estou em trânsito, respondem-me que tenho que aguardar com os restantes na interminável fila.

Quando finalmente chego à porta 1 que deve ser a pior porta do aeroporto da Portela já nada de avião, mas afinal na porta 2 estão a embarcar para o Porto. Dirijo-me para lá e sou confrontado com um: “Ai meu Deus!”. Isto é que é usar o nome de Deus em vão! Ai meu Deus digo eu que tive um atraso de uma hora no meu voo e ainda por cima tive que passar por um controle de metais quando era um passageiro em trânsito, de um avião para outro… Acabei por embarcar nesse outro voo porque ainda havia vagas, mas até parecia que a culpa era minha. No avião tinham-me dito que estariam a aguardar os passageiros para o Porto na pista com um autocarro para os levarem directamente para o avião, mas o que aconteceu foi totalmente diferente. Então o episódio surrealista do controle de metais foi totalmente inusitado.

Pela forma como falam connosco devem achar que somos todos atrasados mentais. Será que não entendem que não nos estão a prestar um favor? Estão-nos a prestar um serviço pelo qual pagámos e que não corresponde de todo ao espectável. Uma total falta de respeito pelo passageiro, uma total incompetência, desconfio "regionalisticamente" que para justificar a necessidade de um novo Aeroporto em Lisboa. Ou estes senhores acham que o país começa e acaba em Lisboa? Os passageiros ainda com ligações paciência, que se desenrasquem. Um verdadeiro pesadelo periférico que felizmente acabou por se remediar sem consequências de maior.

Nota: Hesitei bastante antes de escrever este texto, pois ultimamente tenho tentado contrariar esta característica nacional de estar sempre a carpir as mágoas e dizer mal do nosso país, mas perante o que me aconteceu na sexta-feira passada não consegui resistir ao desabafo.

quarta-feira, abril 12, 2006

Delicadezas dessas são história…

“Nós agora não queremos ser primeiras, queremos ser iguais. Delicadezas dessas são história (ceder o lugar)

Diálogo acabado de ouvir num curto trajecto de autocarro que me trouxe da baixa portuense até ao escritório.

Lá fiquei a saber que o cavalheirismo tem os dias contados. Mas creio bem que pouco tempo depois lá surgirá um saudosismo dos tempos em que ainda havia cavalheiros, isto no tempo em que os cavalheiros já forem história! ;-)

segunda-feira, abril 10, 2006

Merci Bruxelles

Afinal Bruxelas também tem dias de sol!;-)

Agradeço ao comité de boas-vindas (Carlota e Pitucha) a recepção e simpatia!

Foi um serão bem agradável!:-)

Pequeno dicionário do português moderno

Aço - forma do verbo assar, mal escrito.
Ali Bi - interjeição que indica ter bisto alguma coisa ali. Exemplo: ali bi uma baca.
Bagba - gupo de pêlos que cgescem na caga dos homens bagbudos.
Bandalho - alho com mau aspecto.
Balsa - famosa dança de Biena.
Biscoito - encontro sexual repetido
Cambista - campista constipado
Cartel - quartel mal escrito
Compila - diz-se do macho de qualquer espécie animal
Dano - advérbio de tempo; exemplo: "eu só vou ao cinema dano a ano"
DDT - abreviatura de DêDêTê
Depenicar - comer um penico aos bocadinhos
Depilatório - instrumento de tortura utilizado antigamente para tirar a pila aos hereges
Desopilar - rir-se da pila de alguém
Escarro - Nos África, os mésmo qui esveículo automóvil
Esquilo - Nos África, é um esmúltiplo do esgrama
Famijerado - indivíduo famoso pelas suas mijas monumentais
Farto - ataque cardíaco, que se pode ter em casa (in-farto) ou na rua (ex-farto)
Fava - sítio onde se vai, em opção à merda
Foice - forma do verbo ir
Fonte - quando geralmente bem informadas, podem fornecer notícias, depois desmentidas por fontes fidedignas
Fornicar - palavrão bíblico
Fulano - grande amigo do Beltrano
Galhardia - e os bombeiros não puderam fazer nada, agora já galhardeu tudo!
Garganta - parte do corpo humano que, quando apertada, confere um tom arroxeado à pele
Genital - relativo ao gene e tal... enfim, coisas esquisitas...
Gengiva - arma mortífera, mais conhecida por gengiva nuclear
Glândula - há várias: a glândula salivar, a glândula sebácea e a Glândula Vila Molena, como dizia o outro
Happening - palavra inglesa que significa meeting
Hiena - primeira parte de uma interjeição muito vulgarizada na nossa língua, cuja expressão completa é "Hiena pá! Que mamas!"
Higiénico - espécie de papel que perde o título depois de usado
Himen - o mesmo que "aguenta aí, homem!", mas em inglês
Hindu - primeira parte de uma canção infantil muito conhecida: "hindu eu, hindu eu, a caminho de Viseu..."
Hippie - o mesmo que ipi, mas mal escrito à brava.
Hitler - apelido de um tipo alemão, cujo nome próprio era Heil Horripilante - ter uma pila que mete medo
Ilustre - candelabro muito distinto que existia na casa dos Ramires
Impasse - acontece, por vezes, nos transportes públicos, quando o passageiro afirma possuir o passe social, mas não sabe onde o meteu - é o chamado impasse social
Inculto - indivíduo que não sabe que o primeiro rei de Portugal foi D. Sancho I
Instinto - tendência inata de alguns bebedores para nunca beberem branco
Interesseiro - é o atleta que chega logo a seguir ao segundo
Jangada - expressão usada pelas crianças pequeninas quando ouvem um ralhete: "a mamã está jangada comigo?"
Joaninha - insecto da família dos coccinelídeos, cujos pais, incompreensivelmente, foram todos para Lisboa
Judas - personagem bíblica cujo cu fica longe à brava
Liliputeana - prostituta muito pequenina
Limite - Mitterand parlait très bien le français e Mário Soares limite
Palermice (ler palermaice) - ratos palermas, em inglês
Palmada - é ponde se vai depois de atravessar a ponte sobre o Tejo, virando à direita, depois do desvio para a Costa da Caparica
Panasqueira - nome de uma mina de volfrâmio que, ainda hoje, faz rir os putos da escola
Parapeito - soutien
Piloso - senhole que tem um holível gosto pala se vestile
Querente - diz-se do indivíduo que aqueredita em Deus
Repetição - petição petição
Rococó - excrementos com muitos rodriguinhos e ornatos, mas completamente fora de moda
Seccionar - cortar o secço
Sena - acontessimento dramático paçado no sinema
Tíbia - forma do verbo ter (eu tíbia, tu tibéstea, ele têbea)
Tóxico - diminutivo do António Francisco
Ulular - maneira como as lulas falam

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

Etiquetas:

quarta-feira, abril 05, 2006

Periférico vai ao Centro


Mais uma vez motivos profissionais me levam ao Coeur de l'Europe.

Se tiver oportunidade ainda darei notícias do Cinzento de Bruxelas!

Desejo a todos um bom resto de semana;-)

terça-feira, abril 04, 2006

Tinhas tranças pretas e caçavas borboletas...

De quem é este verso aqui em cima? Alguém descobre? Uma pista: é um fragmento da letra duma canção. O seu autor e compositor é um senhor injustamente esquecido e voltado ao ostracismo. Quando ainda havia música ligeira em Portugal, não esta música popular que nos anos 90 galgou as tabelas e foi denominada por pimba, este senhor dava cartas. Ganhou dois festivais da canção e fez figura na Eurovisão quando estes dois eventos ainda tinham prestígio. As suas músicas fazem parte da nossa memória colectiva musical e acreditem que todos temos, num recanto escondido do nosso cérebro, pelo menos um refrão guardado.

Eu pessoalmente desconhecia saber tantas letras e refrões de cor, mas tal ficou indubitavelmente comprovado no passado Sábado, dia 1 de Abril. Pelas 23:30 o mundo parou de rodar no ressuscitado espaço do Cabaré Maxime na Praça da Alegria em Lisboa. José Cid em concerto, sozinho ao piano, transportou-nos numa viagem de regresso ao nosso imaginário comum da música ligeira portuguesa.

O espaço foi pequeno para acolher tanto público que, na sua grande maioria, ali se deslocou para se divertir e partilhar uns momentos de boa disposição ao reviver os seus velhos êxitos.

Esta noite ficará para a história e irá certamente marcar o futuro deste reabilitado espaço que se começa a assumir como um spot incontornável, um must da noite lisboeta! ;-)

As letras de José Cid são verdadeiras pérolas da nossa língua, verdadeiros monumentos do nosso património popular musical, e contêm versos inesquecíveis como o que dá título a este post. Até houve o refrão duma música que me fez particularmente lembrar alguém que se anda sempre a queixar do cinzento de Bruxelas e que aqui transcrevo:

Cai neve em Nova Iorque,
Faz sol no meu país,
Faz-me falta Lisboa,
para me sentir feliz!


Ao longo da noite José Cid foi-se queixando do desinteresse das editoras no seu trabalho, depois do ambiente de euforia, boa disposição e alegria que se viveu neste concerto provavelmente esta postura poderá mudar. No fundo trata-se de música ligeira, despretensiosa e divertida. O próprio músico revelou sentido de humor perante o ambiente engraçado e descontraído que se gerou, chegando a questionar um fotógrafo se a foto era para a Visão, já que se o Tony Carreira aparecia na Visão ele também queria aparecer.

José Cid não é pimba, é talvez kitsch e faz parte do imaginário musical deste país. Por isso termino com o refrão de um dos seus grandes êxitos que vos dedico e que em apoteose marcou a sua primeira retirado do palco (haveria de regressar três vezes):

Vem viver a vida amor,
que o tempo que passou
não volta mais.


Sonhos que o tempo apagou,
mas para nós ficou,
esta canção!

segunda-feira, abril 03, 2006

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA!

Numa tentativa de eliminar a gripe das aves o Presidente Bush decidiu bombardear as Ilhas Canárias e o Perú.

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

Etiquetas: