O Segredo
Era uma vez um segredo bem guardado, mas nem sempre bem estimado. O dono dizia-lhe o quanto era original e precioso, um autêntico tesouro. Mas o segredo estava cansado de estar às 7 chaves guardado. Queria que o dono o assumisse, que partilhasse com os outros a sua existência e que o deixasse brilhar no exterior do seu esconderijo. No entanto, o dono tinha medo de o expor, receio de o assumir, medo das consequências desse seu acto.
Ter descoberto segredo tão precioso tinha sido uma sorte e queria-o só para si. Não queria que mais ninguém soubesse da sua existência, tinha receio que os outros furtassem o que de precioso nele tinha encontrado.
Contudo o dono não se apercebia que o segredo ficava deprimido durante o tempo em que o deixava sozinho no seu esconderijo. Este não suportava brilhar sozinho, era um brilho fútil, inútil, não partilhado e de pura vaidade. O tempo foi passando e o tempo que o segredo passava sozinho era cada vez maior. O seu ego necessitava de ser alimentado, o tempo que o seu dono lhe dedicava era cada vez mais escasso e não lhe chegava, precisava de outros, precisava de ser assumido e partilhado.
Um dia o dono abriu o cofre e retirou cuidadosamente a pequena caixa de madeira trabalhada em que o guardava. Tinham já passado vários anos desde que o encontrara e o tinha escondido de qualquer outro olhar. E qual não foi o seu espanto quando em vez de encontrar o seu diamante brilhante e precioso, nada mais havia na caixa do que um pedaço de grafite.
O segredo tinha esgotado o seu brilho, tinha brilhado sozinho até se reduzir a uma forma menos preciosa de carbono. O dono não entendeu, ficou perplexo, quem teria tido a audácia de trocar o seu diamante por aquilo?
Furioso, deitou fora o seu segredo agora reduzido a uma cor baça e escura. O segredo não brilhava, mas finalmente sentia-se livre. Foi reciclado e junto com outros pedaços de grafite transformou-se num veio de um lápis. Sobre o papel as suas partículas transformaram-se em letras, palavras e desenhos. Sentiu-se feliz, finalmente tinha sido assumido e partilhado.
(Post à la Pessoana mas com final feliz ;-))
Ter descoberto segredo tão precioso tinha sido uma sorte e queria-o só para si. Não queria que mais ninguém soubesse da sua existência, tinha receio que os outros furtassem o que de precioso nele tinha encontrado.
Contudo o dono não se apercebia que o segredo ficava deprimido durante o tempo em que o deixava sozinho no seu esconderijo. Este não suportava brilhar sozinho, era um brilho fútil, inútil, não partilhado e de pura vaidade. O tempo foi passando e o tempo que o segredo passava sozinho era cada vez maior. O seu ego necessitava de ser alimentado, o tempo que o seu dono lhe dedicava era cada vez mais escasso e não lhe chegava, precisava de outros, precisava de ser assumido e partilhado.
Um dia o dono abriu o cofre e retirou cuidadosamente a pequena caixa de madeira trabalhada em que o guardava. Tinham já passado vários anos desde que o encontrara e o tinha escondido de qualquer outro olhar. E qual não foi o seu espanto quando em vez de encontrar o seu diamante brilhante e precioso, nada mais havia na caixa do que um pedaço de grafite.
O segredo tinha esgotado o seu brilho, tinha brilhado sozinho até se reduzir a uma forma menos preciosa de carbono. O dono não entendeu, ficou perplexo, quem teria tido a audácia de trocar o seu diamante por aquilo?
Furioso, deitou fora o seu segredo agora reduzido a uma cor baça e escura. O segredo não brilhava, mas finalmente sentia-se livre. Foi reciclado e junto com outros pedaços de grafite transformou-se num veio de um lápis. Sobre o papel as suas partículas transformaram-se em letras, palavras e desenhos. Sentiu-se feliz, finalmente tinha sido assumido e partilhado.
(Post à la Pessoana mas com final feliz ;-))
9 Comentários:
At 10:16 da tarde, julho 01, 2008, armando s. sousa said…
O verso em que o fraco poeta José Saramago, num dos seus poemas, diz: "Não respeitem mistérios nem segredos, que é natural os homens serem esquivos", adequa-se perfeitamente ao texto.
Um abraço.
At 8:51 da manhã, julho 02, 2008, Carlota said…
Super-bem!!!
At 9:52 da manhã, julho 02, 2008, Anónimo said…
será sempre o nosso segredo.
At 10:17 da manhã, julho 02, 2008, Pitucha said…
Bonito.
Beijos
At 4:02 da tarde, julho 02, 2008, Anónimo said…
A prova de que nem tudo o que reluz é ouro! e que por vezes o que parece aos outros menos valioso é o mais importante para nós. E é essa a única voz que temos de aprender a ouvir! que esta seja a primeira de muitas aventuras literárias "periféricas"
beijos
LM
At 6:59 da tarde, julho 02, 2008, Sinapse said…
Periférico! belo texto!!
At 3:07 da manhã, julho 03, 2008, Anónimo said…
Goste dessa: à la pessoana!
:D Tá super.
At 8:42 da manhã, julho 03, 2008, pessoana said…
Elááá, este rapaz da periferia (i.e. Porto) tem imensos segredos dentro.
Gosto do texto, do segredo que se liberta. Gosto sobretudo do teu segredo da escrita. Muito bom!
A minha alma está parva.
At 3:40 da tarde, julho 03, 2008, panamá said…
Gosto que vás partilhando os teus segredos, neste canto da periferia! Parabéns por eles! Será sempre uma honra partilhá-los contigo. Beijinhos, meu querido!
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