Periférico

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quarta-feira, março 02, 2005

Estudo: Um sexto das adolescentes faz sexo desprotegido



Uma notícia publicada hoje no diário digital refere que um estudo de iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR), intitulado «Avaliação das Práticas Contraceptivas das Mulheres Portuguesas» revela que uma em cada seis adolescentes tem uma vida sexual activa sem utilizar qualquer contraceptivo. Os resultados definitivos deste estudo serão apresentados na próxima terça-feira, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

Esta que é uma das conclusões “surpreendentes” deste estudo que expõe segundo os seus autores «claramente as deficiências na contracepção neste grupo em particular (adolescentes), onde uma gravidez não planeada poderá ter consequências mais significativas».

Eu penso que esta conclusão nos deve fazer meditar. Acho que qualquer que sejam as nossas convicções algo está a falhar na mensagem que passa para os jovens. Quer se defenda a abstinência sexual nestas idades (algo difícil nos dias que correm) ou uma vida sexual consciente e responsável, esta conclusão do estudo põe a nu uma insuficiência que só hipocritamente poderá continuar a ser ignorada. A mensagem que tem vindo a ser transmitida não é absorvida correctamente pelos jovens.

Basta de hipocrisias e falsos moralismos, se em pleno século XXI e segundo o mesmo estudo «Não obstante as entrevistadas se considerarem satisfeitas com a informação relativa a contracepção, 22,9% já utilizaram o coito interrompido, um método reconhecidamente falível» algo está a falhar. A Educação Sexual não pode mais continuar a ser encarada como um tabu.

Eu até posso compreender que alguém defenda que a educação sexual é algo que se devia passar no foro familiar, o problema é que na maioria dos casos isso não acontece e continua a ser um tabu, pais e filhos simplesmente não comunicam. Preferem não saber ou fingir que não sabem o que se passa. Os Pais podem até desconfiar, mas “credo” não querem ter a confirmação da boca da própria filha que já não é pura, casta e virgem.

Eu até posso tentar compreender algum receio que possa haver em relação aos conteúdos programáticos da Educação Sexual nas escolas do tipo: Que estarão a ensinar aos nossos filhos? Será que lhe estão a incutir algum tipo de comportamento desviante? A dizer-lhes que tudo é normal, tudo é permitido, basta um preservativo? No entanto, algo está a falhar e penso que tem que haver bom senso e coragem para de uma forma simples e concreta incutir nos jovens uma sexualidade consciente e responsável.

Os resultados provisoriamente apresentados deste estudo para mim são reveladores, embora estejamos numa época em que se fala do livre acesso à informação, das maravilhas da Internet, uma parte significativa dos adolescentes vivem numa falsa sabedoria, pensam que sabem tudo e afinal são ignorantes, pensam que só acontece aos outros e quando menos esperam deparam com uma gravidez indesejada ou uma doença sexualmente transmissível.
Mais vale prevenir que remediar. O aborto será sempre um mau e traumatizante remedeio, uma questão que levantará sempre mais problemas éticos e morais complexos que uma educação sexual responsável, consciente e eficiente.

Haja bom senso e coragem, a realidade não pode ser mais ignorada.

4 Comentários:

  • At 12:28 da tarde, março 03, 2005, Anonymous Anónimo said…

    Pois é! E juntando a tudo isso que dizer quando um membro dessa instituição, que, como muitas me merece respeito o que não pode nem deve ser confundido com concordância, PAGA publicidade nos jornais a advertir que não dará comunhão e mais não sei o quê a quem usar qualquer método contraceptivo? Bem sei que a Igreja Católica, Apostólica, Romana é feita de homens (sim, homens, porque o papel das mulheres é de facto diminuto e marginal) e por isso, atreita a falhas. E lá, está, não se pode culpar todos pelos comportamentos de alguns. Mas a verdade é a essa instituição tem que aprender a lidar com estas falhas e ignorá-las não é solução porque elas não desaparecem. Mas transgiversei. O comportamento desse senhor (haverá outros, com certeza e aqueles que se lhe opõe) é, no mínimo IRRESPONSÁVEL e hipócrito nos dias que correm. O problema continua a existir e a ser dolorosamente real. E a seguir viria, também interligada, a temática do aborto, mas isso fica para outra discussão.

     
  • At 3:00 da tarde, março 04, 2005, Anonymous Anónimo said…

    Desculpem-me os aficionados da educação sexual nas escolas, mas sinceramente, a mim nunca ninguém me explicou nada!Não acho que passe por aí...não é por isso que os adolescentes encaram o sexo com leviandade, nem por isso, nem por ser tabu falar com os pais! Tudo o que nos entra pela televisão, pelo computador, sugere sexo. Basta ver as referências "morangos com açucar", versão aprimorada dos "Riscos" ou a "New wave", em que em menos de uma semana, um dos personagens principais já acabou com uma namorada, conheceu outra que já está grávida e ele ainda gosta da antiga namorada!Puxa, que confusão que deve andar na cabeça desta gente...

     
  • At 4:24 da tarde, março 04, 2005, Blogger Poor said…

    Ai que poeta que me saíste!Óbrigáda!
    Sim, já sorrio outra vez...

     
  • At 7:18 da tarde, março 04, 2005, Blogger Periférico said…

    Agradecia que mesmo os anónimos escolhessem ou assinassem com um nick.

    Anónimo em relação ao teu comentário considero que é por essa "confusão que deve andar na cabeça desta gente" que é importante reflectir nos números apresentados neste estudo. E se quanto a ti não passa pela educação sexual nas escolas o esclarecimento dessa confusão, quais as tuas sugestões para os adolescentes deixarem de encarar o sexo com tanta leviandade?

     

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