Periférico

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sexta-feira, outubro 14, 2005

Leituras Periféricas

Em reposta à pergunta: “Porque é que Harry Potter tem tanto sucesso?”, Francisco José Viegas escreve na edição de hoje do Diário de Notícias que: “Os mistérios da edição dos livros são mais voláteis e inacessíveis do que os da música ou do cinema, como bem se sabe.

Esta frase fez-me reflectir na escolha das minhas leituras e em alguns dos meus livros predilectos. Por vezes é realmente difícil e misterioso identificar as razões da empatia que temos com determinados livros ou escritores. Muitas vezes apaixonamo-nos primeiro por uma capa, pelo grafismo e só depois pelo conteúdo do livro. São misteriosos os caminhos que levam um livro a destacar-se dos demais numa estante e a atrair a nossa atenção. Por vezes abrimos um livro ao acaso e há logo uma frase ou passagem que desperta a nossa curiosidade e interesse.

Em algumas ocasiões um livro chega até nós recomendado por um amigo: “Vais gostar, é mesmo o teu género!”. Esta questão do género, do estilo tem muito que se lhe diga. O que é isto de ser do nosso género? Quando não é raro gostarmos de livros tão diferentes, tão díspares, de autores que se situam em pólos opostos do espectro dos estilos literários.

Os livros que me atraem algumas vezes não são fáceis. Alguns dos meus livros preferidos são mesmo de leitura difícil, como se essa dificuldade, o não imediatismo dessa prosa, o ritmo lento de leitura, o reler cada parágrafo três vezes, funcionasse como uma atracção irresistível. Outros são de leitura escorreita, fluida, mas nem por isso com menos sabor ou proporcionando menos prazer.

Há livros que são para a vida, outros para um determinado momento, outros ainda para se deixar a meio. Há frases que ficam, finais que se esquecem, livros que apetece reler e livros que se prefere esquecer.

A empatia com um livro é difícil de dissecar, de decifrar. A leitura é um acto solitário e penso que é isso que leva a serem mais misteriosas e inacessíveis as razões das nossas ligações a determinados livros e escritores. Na leitura estamos sós. Somos só nós, o autor e a nossa imaginação. O mesmo livro pode despertar em cada um de nós emoções divergentes, cada imaginação dá-lhe um colorido diferente. A partir do mesmo livro cada um de nós construiria, certamente, um filme distinto.

Ainda em resposta à mesma pergunta no Diário de Notícias de hoje, Francisco José Viegas começa por dizer: “A primeira regra é a seguinte: quase nunca se sabe porque razão um livro vende tanto”. Poder-se-ia facilmente acrescentar a segunda regra: Quase nunca se sabe porque razão se gosta tanto de determinado livro, de determinado autor, de determinado personagem, de determinada citação. Gosta-se e ponto final. Parágrafo, travessão…

(P.S. Bom fim-de-semana)

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