Leituras Periféricas
Em reposta à pergunta: “Porque é que Harry Potter tem tanto sucesso?”, Francisco José Viegas escreve na edição de hoje do Diário de Notícias que: “Os mistérios da edição dos livros são mais voláteis e inacessíveis do que os da música ou do cinema, como bem se sabe”.
Esta frase fez-me reflectir na escolha das minhas leituras e em alguns dos meus livros predilectos. Por vezes é realmente difícil e misterioso identificar as razões da empatia que temos com determinados livros ou escritores. Muitas vezes apaixonamo-nos primeiro por uma capa, pelo grafismo e só depois pelo conteúdo do livro. São misteriosos os caminhos que levam um livro a destacar-se dos demais numa estante e a atrair a nossa atenção. Por vezes abrimos um livro ao acaso e há logo uma frase ou passagem que desperta a nossa curiosidade e interesse.
Em algumas ocasiões um livro chega até nós recomendado por um amigo: “Vais gostar, é mesmo o teu género!”. Esta questão do género, do estilo tem muito que se lhe diga. O que é isto de ser do nosso género? Quando não é raro gostarmos de livros tão diferentes, tão díspares, de autores que se situam em pólos opostos do espectro dos estilos literários.
Os livros que me atraem algumas vezes não são fáceis. Alguns dos meus livros preferidos são mesmo de leitura difícil, como se essa dificuldade, o não imediatismo dessa prosa, o ritmo lento de leitura, o reler cada parágrafo três vezes, funcionasse como uma atracção irresistível. Outros são de leitura escorreita, fluida, mas nem por isso com menos sabor ou proporcionando menos prazer.
Há livros que são para a vida, outros para um determinado momento, outros ainda para se deixar a meio. Há frases que ficam, finais que se esquecem, livros que apetece reler e livros que se prefere esquecer.
A empatia com um livro é difícil de dissecar, de decifrar. A leitura é um acto solitário e penso que é isso que leva a serem mais misteriosas e inacessíveis as razões das nossas ligações a determinados livros e escritores. Na leitura estamos sós. Somos só nós, o autor e a nossa imaginação. O mesmo livro pode despertar em cada um de nós emoções divergentes, cada imaginação dá-lhe um colorido diferente. A partir do mesmo livro cada um de nós construiria, certamente, um filme distinto.
Ainda em resposta à mesma pergunta no Diário de Notícias de hoje, Francisco José Viegas começa por dizer: “A primeira regra é a seguinte: quase nunca se sabe porque razão um livro vende tanto”. Poder-se-ia facilmente acrescentar a segunda regra: Quase nunca se sabe porque razão se gosta tanto de determinado livro, de determinado autor, de determinado personagem, de determinada citação. Gosta-se e ponto final. Parágrafo, travessão…
(P.S. Bom fim-de-semana)
Esta frase fez-me reflectir na escolha das minhas leituras e em alguns dos meus livros predilectos. Por vezes é realmente difícil e misterioso identificar as razões da empatia que temos com determinados livros ou escritores. Muitas vezes apaixonamo-nos primeiro por uma capa, pelo grafismo e só depois pelo conteúdo do livro. São misteriosos os caminhos que levam um livro a destacar-se dos demais numa estante e a atrair a nossa atenção. Por vezes abrimos um livro ao acaso e há logo uma frase ou passagem que desperta a nossa curiosidade e interesse.
Em algumas ocasiões um livro chega até nós recomendado por um amigo: “Vais gostar, é mesmo o teu género!”. Esta questão do género, do estilo tem muito que se lhe diga. O que é isto de ser do nosso género? Quando não é raro gostarmos de livros tão diferentes, tão díspares, de autores que se situam em pólos opostos do espectro dos estilos literários.
Os livros que me atraem algumas vezes não são fáceis. Alguns dos meus livros preferidos são mesmo de leitura difícil, como se essa dificuldade, o não imediatismo dessa prosa, o ritmo lento de leitura, o reler cada parágrafo três vezes, funcionasse como uma atracção irresistível. Outros são de leitura escorreita, fluida, mas nem por isso com menos sabor ou proporcionando menos prazer.
Há livros que são para a vida, outros para um determinado momento, outros ainda para se deixar a meio. Há frases que ficam, finais que se esquecem, livros que apetece reler e livros que se prefere esquecer.
A empatia com um livro é difícil de dissecar, de decifrar. A leitura é um acto solitário e penso que é isso que leva a serem mais misteriosas e inacessíveis as razões das nossas ligações a determinados livros e escritores. Na leitura estamos sós. Somos só nós, o autor e a nossa imaginação. O mesmo livro pode despertar em cada um de nós emoções divergentes, cada imaginação dá-lhe um colorido diferente. A partir do mesmo livro cada um de nós construiria, certamente, um filme distinto.
Ainda em resposta à mesma pergunta no Diário de Notícias de hoje, Francisco José Viegas começa por dizer: “A primeira regra é a seguinte: quase nunca se sabe porque razão um livro vende tanto”. Poder-se-ia facilmente acrescentar a segunda regra: Quase nunca se sabe porque razão se gosta tanto de determinado livro, de determinado autor, de determinado personagem, de determinada citação. Gosta-se e ponto final. Parágrafo, travessão…
(P.S. Bom fim-de-semana)
15 Comentários:
At 9:29 da manhã, outubro 15, 2005, mdm said…
Não há como explicar certas escolhas ou empatias.
Acho que abordaste mesmo bem o assunto.
Gostei deste post e pronto.
At 11:22 da manhã, outubro 15, 2005, Pitucha said…
É de facto tão subjectivo o que nos atrai num livro! E gosto tanto deles que tenho que confessar que não percebo as pessoas que não gostam de ler!
Beijos
At 2:02 da tarde, outubro 15, 2005, Sara MM said…
Eu escolho pelas críticas que oiço (na rádio, no ex "E-assim-acontece" ou no "magazine")... se gosto, leio depois todos -e seguidos-os do mesmo escritor...
BJs
At 4:40 da tarde, outubro 15, 2005, Poor said…
quais são os teus preferidos?assim só por exemplo...:)
bj
At 1:11 da manhã, outubro 16, 2005, Kalinka said…
GOSTA-SE...E PONTO FINAL.
POIS....GOSTEI IMENSO DESTE TEU «POST» está o máximo.
Muito bem concebido, tiras-me as palavras da boca, penso tal como tu e escolho ou tenho preferência tal como dizes.
Nada tenho a acrescentar.
Bom fim de semana.
Boas leituras.
At 8:24 da tarde, outubro 16, 2005, MJM said…
Gostei! Subscrevo e acrescento:Ler um livro e perdermo-nos no seu conteúdo(seja qual for) e nas suas personagens,que muitas vezes nos damos conta a identificar com quem nos rodeia, é mágico - é magia.
At 9:55 da manhã, outubro 17, 2005, Ana said…
As minhas escolhas vao muito por moods... mas um bom resumo e um grafismo atraente vao longe... Um abraco
At 1:49 da tarde, outubro 17, 2005, Dra. Laura Alho said…
O importante é ler. Lendo vários tipos de livros, chegamos mais facilmente à conclusão do que gostamos e do que não gostamos, além de nos estimularem intelectualmente e de irem ao encontro das nossas próprias vidas.
Quanto ao Harry Potter, se não fossem os filmes, o sucesso era indubitavelmente menor.
Beijos *
At 2:36 da tarde, outubro 17, 2005, Maria Heli said…
Gostei desta tua reflexão e partilho alguns pontos de vista.
Sim. Fala lá dos teus livros de eleição. Só de alguns.
bjo
At 4:21 da tarde, outubro 17, 2005, noasfalto said…
Como nos teus textos. Gosta-se e ponto. Excelente.
At 4:45 da tarde, outubro 17, 2005, lilla mig said…
Tens razão, muito complicado explicar, mas ainda bem! :) Beijinhos
At 6:41 da tarde, outubro 17, 2005, Miguel de Terceleiros said…
Ea empatia que se gera enter leitores do mesmo livro?! mesmo que tenham leituras diferentes.
At 10:31 da manhã, outubro 18, 2005, Periférico said…
Como me foi solicitado aqui fica como exemplo 5 dos meus livros predilectos:
Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
No País das Últimas Coisas, Paul Auster
Alexandra Alpha, José Cardoso Pires
A Conjura, José Agualusa
Baldios, José Tolentino Mendonça
Um abraço a todos e boas leituras ;-)
At 9:07 da tarde, outubro 18, 2005, Poor said…
lovely!
At 10:39 da manhã, outubro 19, 2005, JPF said…
Periférico: Na tua lista não te esqueceste do Francisco José Viegas ?
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