Periférico

Um Blog desalinhado, independente e situado à margem do politicamente correcto! O olhar de um Periférico na periferia da Europa.

terça-feira, abril 04, 2006

Tinhas tranças pretas e caçavas borboletas...

De quem é este verso aqui em cima? Alguém descobre? Uma pista: é um fragmento da letra duma canção. O seu autor e compositor é um senhor injustamente esquecido e voltado ao ostracismo. Quando ainda havia música ligeira em Portugal, não esta música popular que nos anos 90 galgou as tabelas e foi denominada por pimba, este senhor dava cartas. Ganhou dois festivais da canção e fez figura na Eurovisão quando estes dois eventos ainda tinham prestígio. As suas músicas fazem parte da nossa memória colectiva musical e acreditem que todos temos, num recanto escondido do nosso cérebro, pelo menos um refrão guardado.

Eu pessoalmente desconhecia saber tantas letras e refrões de cor, mas tal ficou indubitavelmente comprovado no passado Sábado, dia 1 de Abril. Pelas 23:30 o mundo parou de rodar no ressuscitado espaço do Cabaré Maxime na Praça da Alegria em Lisboa. José Cid em concerto, sozinho ao piano, transportou-nos numa viagem de regresso ao nosso imaginário comum da música ligeira portuguesa.

O espaço foi pequeno para acolher tanto público que, na sua grande maioria, ali se deslocou para se divertir e partilhar uns momentos de boa disposição ao reviver os seus velhos êxitos.

Esta noite ficará para a história e irá certamente marcar o futuro deste reabilitado espaço que se começa a assumir como um spot incontornável, um must da noite lisboeta! ;-)

As letras de José Cid são verdadeiras pérolas da nossa língua, verdadeiros monumentos do nosso património popular musical, e contêm versos inesquecíveis como o que dá título a este post. Até houve o refrão duma música que me fez particularmente lembrar alguém que se anda sempre a queixar do cinzento de Bruxelas e que aqui transcrevo:

Cai neve em Nova Iorque,
Faz sol no meu país,
Faz-me falta Lisboa,
para me sentir feliz!


Ao longo da noite José Cid foi-se queixando do desinteresse das editoras no seu trabalho, depois do ambiente de euforia, boa disposição e alegria que se viveu neste concerto provavelmente esta postura poderá mudar. No fundo trata-se de música ligeira, despretensiosa e divertida. O próprio músico revelou sentido de humor perante o ambiente engraçado e descontraído que se gerou, chegando a questionar um fotógrafo se a foto era para a Visão, já que se o Tony Carreira aparecia na Visão ele também queria aparecer.

José Cid não é pimba, é talvez kitsch e faz parte do imaginário musical deste país. Por isso termino com o refrão de um dos seus grandes êxitos que vos dedico e que em apoteose marcou a sua primeira retirado do palco (haveria de regressar três vezes):

Vem viver a vida amor,
que o tempo que passou
não volta mais.


Sonhos que o tempo apagou,
mas para nós ficou,
esta canção!

9 Comentários:

  • At 11:43 da manhã, abril 04, 2006, Blogger Mónica Lice said…

    Lindo este post, fez-me sorrir e cantarolar!:))

     
  • At 12:12 da tarde, abril 04, 2006, Blogger LM said…

    Brilhante! Brilhante como lantejoulas prateadas! :) foi um prazer partilhar esta catarse ultradimensional! Espero que surjam mais oportunidades!

    "Adio adieu, aufiedersehen, goodbye
    Amore amour, meine liebe, love of my life
    Se o nosso amor findar
    Só me ouvirás cantar
    Adio adieu, aufiedersehen goodbye"

    É muita a sabedoria deste grande senhor! Que provou estar em forma! E espero que apareça mesmo na Visão :)e viva o Maxime! viva! bjos L.

     
  • At 1:55 da tarde, abril 04, 2006, Blogger Pitucha said…

    Pensando bem, não tenho nenhum CD dele e sei montes de músicas de cór! Vou ter que comprar o do refrão que me foi dedicado.
    :-)
    Obrigada Periférico
    Beijos

     
  • At 2:20 da tarde, abril 04, 2006, Blogger Penélope said…

    Ohhhhhh, então cruzaste-te com os meus irmãos, eles tb lá estiveram e adoraram! Tive pena… estava muito longe!!
    Assino por baixo - José Cid é «kitsch«, ele faz parte do meu imaginário musical!
    Penélope

     
  • At 5:30 da tarde, abril 04, 2006, Blogger Carlota said…

    Acho que sei a letra toda da música de que extraíste os versos para o título do teu post... É que eu era a "cantora de serviço" lá de casa e nas festas tinha um vasto repertório de que faziam parte o José Cid, os Gemini, as Cocktail e outros igualmente esquecidos...
    Beijola

     
  • At 6:15 da tarde, abril 04, 2006, Blogger Sara MM said…

    Canta coisas muito bonitas, sim senhor. E nem por isso lamechas.
    Mas na Praça da Alegria só conheço o HotClubP.

    BJs

     
  • At 8:57 da tarde, abril 04, 2006, Blogger teresa.com said…

    eheh, estas duas eu conhecia... e acho que conheco ainda mais algumas! Afinal o senhor ja foi famoso!

     
  • At 12:52 da manhã, abril 05, 2006, Blogger Kalinka said…

    Quer então dizer que o meu Amigo veio dar uma voltinha até Lisboa, num fim de semana, para assistir a um concerto espectacular...
    Muito bem e Parabéns pela homenagem que fazes a alguém que já nos representou com toda a categoria - José Cid.

    Beijokas.

     
  • At 9:31 da manhã, abril 05, 2006, Blogger CS said…

    Não devias ter revelado! Eu acertaria!
    Conheces a foto dele nú agarrado ao disco de platina? Lindo!!!!

     

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