"Quarto tenor" despedido do La Scala

Descobri hoje ao ler o Público Online que o insólito aconteceu no teatro La Scala de Milão, no passado domingo, na primeira récita pública da ópera Aida, de Verdi, encenada de forma "grandiosa e colossal" por Franco Zeffirelli, de 83 anos e que abriu a nova temporada lírica daquele teatro.

Pelos vistos o general egípcio Ramadès, interpretado pelo tenor Roberto Alagna, bateu em retirada após os assobios e apupos de parte do público quando terminou de cantar a primeira ária do primeiro acto: Celeste Aida! Em palco, ficou sozinha e desamparada durante alguns minutos de pânico e embaraço a filha do Rei do Egipto Amneris, interpretada pela mezzo-soprano Ildiko Komlosi, que acabou por ser salva, com galanteria, por Antonello Palombi, substituto de Alagna, que saltou para o palco vestido de jeans e T-shirt, traje bem apropriado a um general egípcio! ;-)

Este episódio demonstra que os cantores líricos, continuam a ter temperamento e que não há profissionalismo que resista ao nosso ditado: "Quem não sente, não é filho de boa gente!" :-) E que o La Scala continua a ser uma verdadeira Arena para os cantores líricos, especialmente se não forem italianos! ;-)

Só não percebo é porque Roberto Alagna, considerado por alguns críticos como o "quarto tenor", ficou surpreendido com a decisão da direcção do La Scala de o despedir. Não tinha ele próprio já anunciado a decisão de abandonar o La Scala após a representação das 7 récitas desta produção da Aida? E ameaçado que a sua mulher, a soprano Angela Gheorghiu, poderia também cancelar a sua aparição na ópera La Traviata, em 2007? Não vejo razões para tanta surpresa… a não ser algum prejuízo na sua conta bancária! ;-)