Cineasta Periférico
Marco Martins, 33 anos, realizador de Alice dizia ao DNA (suplemento do Diário de Notícias) na passada sexta-feira o seguinte: “Quando crio não penso nos prémios que posso ganhar, mas é muito importante ter-se o reconhecimento do nosso trabalho, e mais do que tudo é um estímulo enorme para continuar a fazer coisas. Não deve haver nada de pior do que criar e depois ninguém ver. Isso é muito pior do que as reacções negativas. Ninguém ver é quase como não existir”.
Ontem li no diário digital que, depois de já ter recebido o prémio revelação Régard Jeune no festival de Cannes, o filme Alice se encontra nomeado para os Prémios de Cinema Europeu, na categoria Fassbinder destinada a artistas revelação.
Este novo cineasta português é realmente uma revelação, tanto no discurso como na forma de filmar. Não se esconde debaixo de uma pose intelectual a dizer que está-se nas tintas para o público, pelo contrário, acha que criar e ninguém ir ver é quase como não existir.
Alice não é um filme fácil, o filme tem pouco diálogo, a sua atmosfera é obsessiva e pesada, mas em três semanas de exibição conta já com 30 mil espectadores, o que é obra para um filme português.
Existe público e espaço para os filmes portugueses, se houver uma boa história e se os actores se esquecerem que não estão no teatro. Não é necessário declamar no cinema, a naturalidade da maior parte das interpretações neste filme é impressionante. Esta é talvez uma das razões porque as pessoas aderiram ao filme e se identificaram com ele, as personagens são pessoas de carne e osso, não seres iluminados pelos dons da oratória e da filosofia.
Pela minha parte vou ficar atento ao percurso deste promissor cineasta que felizmente pensa que: “Ninguém ver é quase como não existir”. O Cinema sem espectadores não existe, é uma arte para ser vista e isso não é sinónimo de ser comercial.
Alice é já um marco na forma de fazer e ver cinema em Portugal.
10 Comentários:
At 5:22 da tarde, novembro 08, 2005, noasfalto said…
No fundo, no fundo, um filme é como um blog. Foi criado para os outros verem. E nós voltamos aos blogs que nos agradam e apelam à curiosidade. Tal como estamos atentos ao filmes dos nossos cineastas preferidos.
Ainda não vi ALICE mas já ando "à coca".
Abraço, excelente post (+)
At 6:04 da tarde, novembro 08, 2005, Poor said…
ontem vi a entrevista da ana sousa dias com o marco martins e o nuno lopes.acho que gostei exactamente disso, da pose de não intelectual!
Alice é um filme intenso, denso,mas muitíssimo bom!
Fiquei sem perceber se tinhas ido ver ou não!Faltou mencionares as excelentes interpretações!
ps.fora os post com emails recebidos, assim são muito melhores!:)
At 6:05 da tarde, novembro 08, 2005, Poor said…
ontem vi a entrevista da ana sousa dias com o marco martins e o nuno lopes.acho que gostei exactamente disso, da pose de não intelectual!
Alice é um filme intenso, denso,mas muitíssimo bom!
Fiquei sem perceber se tinhas ido ver ou não!Faltou mencionares as excelentes interpretações!
ps.fora os post com emails recebidos, assim são muito melhores!:)
At 10:03 da tarde, novembro 08, 2005, armando s. sousa said…
Para mim é um bom filme português!
Porquê?
Estou sempre à espera que a "seca das cenas" me queiram transmitir qualquer coisa. No fim chego à conclusão que as cenas são mesmo seca.
Mas gostei, para o género.
Aquele abraço.
At 7:53 da manhã, novembro 09, 2005, Pitucha said…
O teu post fez com que ficasse mais culta: é que nunca tinha ouvido falar nem do filme nem do realizador! Mea culpa...
Beijos
At 10:57 da manhã, novembro 09, 2005, Sukie said…
O cinema português tava mesmo condenado...espero que com este exemplo se faça cinema de qualidade no nosso país e quem sabe um dia será tão valorizado como o de outros países.
At 5:19 da tarde, novembro 09, 2005, Sara MM said…
Eu bem quero ir ver!!!
BJs
PS-deve sem bem melhor que o Diana, com uma toinas a escalar :o)
At 11:12 da manhã, novembro 10, 2005, lilla mig said…
Também quero veeeeer!!! Espero que chegue ao Lux!
At 12:09 da tarde, novembro 10, 2005, izzolda said…
Ainda não fui ver, mas fiquei ainda mais curiosa com a tua descrição! Vou ver se ainda não o retiraram de cena quando finalmente puder ir...***
At 5:08 da tarde, novembro 13, 2005, Miguel de Terceleiros said…
Fiquei siderado. o Homem é mesmo bom.
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