Periférico

Um Blog desalinhado, independente e situado à margem do politicamente correcto! O olhar de um Periférico na periferia da Europa.

sexta-feira, julho 08, 2005

Zeca Baleiro

Há artistas assim, que são sempre um prazer renovado a cada disco e especialmente a cada concerto. Zeca Baleiro é um deles. E de preâmbulo aviso já que este artigo é tudo menos objectivo, já que eu sou um grande admirador da sua obra.

Ontem pela quarta vez vi-o ao vivo e mais uma vez não me desiludiu. Acho mesmo que Zeca Baleiro é incapaz de dar um mau concerto tal é a riqueza da sua música, da sua simpatia e da sua voz extraordinária, envolvente e de uma doçura inclassificável. E como se não bastasse, Zeca Baleiro possui ainda um refinado e irresistível sentido de humor.

Ao concerto de ontem só faço um reparo, o Rivoli não é o espaço para a música de Zeca Baleiro. Esta música entra-nos pelos poros e estimula cada um dos nossos nervos deixando-nos à flor da pele, tornando-se impossível continuarmos sentados. É uma música que se ouve também com o corpo, numa catarse que nos alivia e liberta. As cadeiras são um elemento demasiado castrador para uma música assim, abrangente e sem fronteiras, que não se deixa rotular, tal é a diversidade de territórios musicais por onde se move Zeca Baleiro.

Ainda resisti sentado até à 6ª música, mas ao som da brilhante (Despedi o) Meu patrão, o meu corpo cedeu e, vivendo cada nota na sua completa intensidade, deliciei-me de pé com o resto do concerto. As cadeiras só atrofiam esta música, bastou ver como, na última música do concerto Vô Imbolá com todo o público levantado, havia muito mais corpos desejosos de se libertarem das cadeiras e dançarem ao som do Baleiro.

Para mim foi mais uma noite memorável deste verdadeiro artista brasileiro, só não ultrapassou a memória de uma noite mágica que vivi a 6 de Setembro de 2003 no Hard- Club em que empatia com o público, em parte também proporcionada pelo próprio espaço, foi extraordinária.

No entanto, a noite de ontem teve como singularidade uma versão, com um certo balanço, do Frágil do Jorge Palma já em encore, e a promessa de que esta versão, presente como faixa bónus no seu último disco Baladas do Asfalto e Outros Blues, faz parte de um projecto de um disco a gravar no ano que vem de versões/covers de autores da música nacional que Zeca Baleiro admira e que tenciona divulgar no Brasil.

Aqui fica o alinhamento para quem estiver interessado:

1. Serpente
2. Babylon
3. Quase Nada
4. Alma Não Tem Cor
5. Telegrama
6. Meu Patrão
7. Filho da Veia
8. Flores no Asfalto
9. Pastiche
10. Bandeira
11. Bicho
12. Amargo
13. Salão
14. Tudo Pra Ser Feliz
15. Mamãe Oxum
16. Piercing
Encore/Reset ;-)
17. Samba do Approach
18. Lenha
19. Heavy Metal do Senhor
20. Frágil
21. Vô Imbolá

Até breve Zeca Baleiro!

11 Comentários:

  • At 4:17 da tarde, julho 08, 2005, Blogger Freddy said…

    N posso dizer q o conheça mto bem mas acho q tenho no computador música dele, para aí sacada pela minha querida mana... Essa sim, conhece estes gajos todos...

    Abraço da Zona Franca

     
  • At 4:28 da tarde, julho 08, 2005, Anonymous Anónimo said…

    Eu logo vi que hoje chegava aqui e tinha uma (bela) crítica de mais um belo concerto deste grande senhor. É para contrastar com os jornais digitais que resolveram todos ignorar a passagem deste senhor byrneano da lusofonia, do multiculturalismo, qualidade, sentido de humor, ironia e, além de tudo o mais, dono de uma voz inacreditável que, para nossa sorte, insiste em partilhar connosco. Para mim, muito mais objectiva do que tu periférico, esta crítica está mais do que objectiva e imparcial :) a única diferença é que eu o vi em Lisboa, mas também num sítio que não tem nada a ver (Fórum Lisboa) com a energia criada e que constrange as pessoas. Pecado de quem tem a ideia e pecado de quem vai nisso e não se levanta para balançar. Eu pulei logo na segunda música. E não peço desculpa a ninguém por isso! Mais uma noite memorável! E um artista que aconselho a descoberta a todos que ainda não o fizeram. E agradeço ao responsável que me mostrou este mundo de luz, melodia e unicidade na sua fusão plural com o seu (que é também afinal o nosso) meio. Vamo baleirar minha gente!

     
  • At 4:40 da tarde, julho 08, 2005, Anonymous Anónimo said…

    Pois foi Angela. Para o ano não percas, ele volta sempre!

     
  • At 5:38 da tarde, julho 08, 2005, Blogger Poor said…

    como ninguém falou do Zeca, também não falaram de um tal Chango Spasiuk, que a crítica já identifica como sendo o próximo Piazzola!Estes gajos não percebem nada disto!:D
    ps. também me chateia ver concertos sentada, a não ser que seja música mais contemplativa!:D

     
  • At 5:51 da tarde, julho 08, 2005, Blogger armando s. sousa said…

    Ando a perder muitos concertos, tenho que voltar ao activo.
    Um abraço e bom fim de semana.

     
  • At 8:29 da tarde, julho 08, 2005, Blogger Dra. Laura Alho said…

    Passando para desejar, em tom musical, um excelente fim-de-semana :D *

     
  • At 7:29 da tarde, julho 10, 2005, Blogger panamá said…

    Humpffff!

     
  • At 10:20 da tarde, julho 10, 2005, Blogger Sara MM said…

    Pois é... já me aconteceu! "porem-nos" mto sentadinhos qd a vontade é dançar (ou afins) é desesperante! ainda bem que tudo se resolveu +- à sexta musica!

    Qt a essa versao do Frágil, sinceramente não gosto!! Sorry.

    BJS

     
  • At 1:23 da tarde, julho 11, 2005, Blogger lilla mig said…

    Não conheço, mas tentarei investigar! :)

     
  • At 11:44 da manhã, julho 12, 2005, Blogger Maria Heli said…

    Finalmente...

    é isso mesmo! Zeca é para ouvir dançando, como, pelos vistos, fizemos!!
    Está delicioso o post, com alinhamento de músicas e tudo...eina! :)
    Já não vou escrever o tanto que desejava mas vou tentar, à hora do almoço, postar qualquer coisa sobre esse concerto que animou uma imensa minoria ;)

    bjo e até mais logo

    PS: Neste alinhamento, faltou Cigarro, do novo álbum, a que mais me comove, de tanto que me diz.

    mais um bjo...
    rapaz ;)

     
  • At 1:59 da tarde, março 28, 2009, Blogger GRACINHA said…

    Para mim o Zeca Baleiro é impar, único, especial é o melhor poeta compositor e a voz nem se fala e a simpatia o torna belo pois seu sorriso encanta é pena que são poucos! emfim o Zeca é o melhor.

     

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