Periférico

Um Blog desalinhado, independente e situado à margem do politicamente correcto! O olhar de um Periférico na periferia da Europa.

quinta-feira, março 10, 2005

Hit Song Science (HSS)



Bem vindos à sociedade de informação, anda tudo tão entretido com o “choque” tecnológico que algumas maravilhas da tecnologia já não escandalizam ninguém.

Uma notícia publicada hoje na última página do Público revelou-me a existência de um programa informático (Hit Song Science) capaz de avaliar se uma canção pode ou não transformar-se num êxito. E ao que parece não é futurologia pois já teve aplicações bem práticas, como por exemplo ajudar a editora dos Maroon 5 a decidir quais as músicas do álbum Songs about Jane que seriam os singles.

A existência deste programa informático fez-me recordar um livro que li para aí à 8 anos chamado A Fraude de Rui Miguel Saramago, que foi prémio LER/Círculo dos leitores em 1996. Este livro conta a história de Querubim, um poeta acidental, habitante de um mundo em que a qualidade dos textos literários é analisada mediante uma abordagem científica, com fórmulas desenvolvidas para o efeito e integradas em programas informáticos que de forma rigorosa quantificam o seu valor. Querubim, para surpresa geral, dá à luz poemas perfeitos, que atingem os valores mais elevados da história da avaliação científica da qualidade dos textos. O segredo de Querubim vem-se a saber mais tarde é que a deusa Vénus se apaixonou por ele e era no fundo a sua musa inspiradora, a razão da perfeição dos seus poemas.

Ao ler esta notícia lembrei-me logo desta história e pensei que às vezes aquilo que julgamos ser ficção científica está mais próximo da realidade do que à primeira vista aparenta. Mas sinceramente aflige-me que a qualidade musical, literária ou artística de uma obra venha ser medida por um qualquer algoritmo matemático. A capacidade de uma música nos emocionar, de um livro nos fazer sonhar, de uma pintura nos cativar não se pode racionalizar. Até porque qualquer fórmula desenvolvida para o efeito terá sempre tendência para a “standardização” o que dificilmente premiará a genialidade mas apenas o “mainstream”.

Quanto a mim quero continuar a ser surpreendido pela arte e a desconhecer por completo a formula matemática responsável por uma canção me fazer chorar!

3 Comentários:

  • At 5:29 da tarde, março 10, 2005, Blogger Poor said…

    Até porque a maior parte das músicas que gostamos mais, não chegam sequer a ser Hits!
    Excelente!:)

     
  • At 5:38 da tarde, março 10, 2005, Anonymous Anónimo said…

    Sim...é verdade...amie.
    e se a fórmula fosse adaptada ao million dollar baby tenho a certeza de que passava com distinção!

    e esse livro é excelente! foi dos poucos que reli, aconselho a todos. infelizmente, está esgotado e a editora, pela informação que me foi dada, não pretende reeditar. curiosamente, o próprio rui miguel saramago é formado em matemática e, se não me engano, está ou estava a fazer um doutoramento nessa área. quem diria??

     
  • At 9:46 da tarde, março 10, 2005, Blogger Poor said…

    Cara dispersiva, mais uma razão para não confiar nesses esquemas científicos!:)

     

Enviar um comentário

<< Home