Periférico

Um Blog desalinhado, independente e situado à margem do politicamente correcto! O olhar de um Periférico na periferia da Europa.

quarta-feira, maio 31, 2006

Este mar que nos une

Ontem na feira do livro do Porto 22:15:

Eu sei que o país é Portugal, que o tema é o mar que nos une a Angola e à lusofonia, mas é que enquanto escrevo estas linhas já estou há quase 45 minutos à espera que comece o debate. Noutro país qualquer de uma latitude mais a norte o público já teria debandado, ou duvidado da ocorrência do evento, mas aqui reage com uma aparente normalidade. E, observando in loco, parte do atraso é aparentemente justificado devido a uma profissional da comunicação social que resolveu entrevistar os escritores intervenientes para a televisão já depois da hora prevista para a sessão começar (21:30), ou seja uma manifesta falta de respeito perante o público que continua a aguardar pacientemente.

No entanto, valeu a pena a espera, a sessão contava com a presença dos escritores angolanos Ana Paula Tavares e José Eduardo Agualusa, e dos escritores portugueses Manuel Jorge Marmelo e Francisco José Viegas. Devo confessar que foi a presença de dois deles que me fez deslocar propositadamente ontem ao café literário da feira do livro do Porto, a saber Francisco José Viegas e José Eduardo Agualusa. Sou leitor, admiro ambos e por essas leituras sempre achei que a sensibilidade da sua escrita tinha muitos pontos em comum. Dito isto foi interessante constatar ao vivo a cumplicidade, a empatia e amizade existente entre os dois, que nos brindaram com algumas deliciosas histórias sobre sotaques e sobre a diversidade e riqueza da língua portuguesa.

É de salutar quando a feira do livro proporciona estes momentos de encontro entre os leitores e os seus escritores.

terça-feira, maio 30, 2006

Fugas

No meio das toneladas de e-mail de divulgação que recebo todos os dias no escritório há um que por vezes me põe a divagar, e me proporciona um agradável momento de pausa e de abstracção da loucura do dia-a-dia. Trata-se de uma newsletter chamada Transportes & Negócios que tem uma secção sobre o movimento nos portos nacionais. Nesta secção apresenta-se para cada um dos portos nacionais os navios de carga estacionados, datas de partida e rotas. E é aqui na parte das rotas que a minha mente se põe a divagar e a imaginar o que seria fazer essas viagens, atracar nesses portos e escalas exóticas, e que dou a volta ao mundo em poucos segundos, antes de aterrar de novo e voltar à loucura do dia-a-dia.

Aqui fica um exemplo de uma dessas rotas: La Guaira, Puerto Cabello, Barranquilla, Cartagena, Puerto Limon, Cristóbal, Rio de Janeiro, Santos, Paranaguá, Rio Grande, S. Francisco do Sul, Fortaleza (Pecem), Argel, Oran, Istambul, Gemlik, Mersin, Lattakia, Tartous, Beirute, Alexandria.

segunda-feira, maio 29, 2006

Amizades

Um tipo chega em casa e encontra um amigo com sua esposa na sua própria cama. Pega no revólver e mata-o imediatamente.

A esposa irritada comenta:

- Se continuares a comportar-te assim, vais acabar sem nenhum amigo!...

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

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segunda-feira, maio 22, 2006

Falar Direito

Um professor, da Faculdade de Direito de Lisboa, perguntou a um dos seus alunos:

- Laurentino, se você quiser dar uma laranja a uma pessoa chamada Sebastião, o que deverá dizer?

O estudante respondeu:

- Aqui está, Sebastião, uma laranja para si.

O professor gritou, furioso:

- Não! Não! Pense como um Profissional de Direito!

O estudante pensou um pouco e então respondeu:

- Está bem, eu refaço o que diria:

Eu, Laurentino Marcos Rosa Sentado, Advogado, por meio desta dou e concedo a você, Sebastião Lingrinhas, BI6543254, NIF50829092, morador na Rua do Alecrim, 32, A, do concelho de Vila Nova de Gaia, casado, com dois filhos e um enteado, e somente a você, a propriedade plena e exclusiva, inclusive benefícios futuros, direitos, reivindicações e outros títulos, obrigações e vantagens no que concerne à fruta denominada laranja, juntamente com sua casca, sumo, polpa e sementes transferindo-lhe todos os direitos e vantagens necessários para espremer, morder, cortar, congelar, triturar ou descascar com a utilização de quaisquer objectos ou de outra forma comer, tomar ou ingerir a referida laranja, ou cedê-la com ou sem casca, sumo, polpa ou sementes, e qualquer decisão contrária, passada ou futura, em qualquer petição, ou petições, ou em instrumentos de qualquer outra natureza ou tipo, fiscal ou comercial, fica assim sem nenhum efeito no mundo cítrico e jurídico, valendo este acto entre as partes, seus herdeiros e sucessores, com carácter irrevogável, declarando Sebastião Lingrinhas que o aceita em todos os seus termos e condições conhecendo perfeitamente o sabor da laranja, não se aplicando, neste caso, o disposto no Código do Consumidor, cláusula 28, alínea b), com a modificação dada pelo DL 342/08 de 1979.

E o professor então comenta:

- MELHOROU BASTANTE, MAS NÃO SEJA TÃO SUCINTO.

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

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sexta-feira, maio 19, 2006

Frágeis

Vivemos tempos modernos em que nos vendem a ideia de sermos todos super-homens, expoentes máximos da competência, da produtividade. Ora, nada mais de errado, o ser humano não é perfeito, tem imperfeições com que deve aprender a viver.

O facilitismo impera e o super-homem aprende a contornar a realidade, tomar atalhos, tudo menos enfrentar o estorvo. Estes são tempos que se dão mal com aquilo que de mais humano há: as imperfeições e as fraquezas. Tempos materialistas em que o ter é mais importante que o ser, em que uma pretensa felicidade se alcança através do acessório. Tempos sem um ideal, um desígnio, somente uma busca por um hedonismo desprovido do essencial: a aceitação de si próprio, real e imperfeito.

Quem sabe se o segredo da felicidade não é saber viver bem com a nossa fragilidade?

quarta-feira, maio 17, 2006

Na Senda da Sabedoria

E de repente surgem pessoas assim, pessoas que não se agarram ao sucesso fácil, às evidências, aos caminhos sobre tapetes aveludados, ao deslumbramento do estrelato. Pessoas que buscam o seu caminho, as suas raízes, a sua identidade. A entrevista de ontem na 2 de Ana Sousa Dias a Sara Tavares revelou uma artista que tomou essa opção, a de fazer o seu próprio caminho, em busca das suas raízes e da sua identidade. E segundo a própria a sua identidade só pode ser entendida no âmbito do multiculturalismo lusófono.

O mestiço de Cabo Verde, a morena de Angola e a mulata Brasileira são as mais belas criações genéticas da nossa miscigenação com outros povos. Mas existe também uma miscigenação cultural que nem sempre é valorizada e que enriquece este espaço lusófono na sua diversidade multicultural. Balancé é um disco extraordinário em que os ritmos da África lusófona se encontram, ganham novo alento e se misturam com músicas mais metropolitanas, ou seja, um excelente exemplo dessa miscigenação cultural.

Sara Tavares optou por ser autêntica, trilhar o seu próprio caminho e assumir-se como uma Artista com A grande. Pode não ser o caminho mais fácil mas certamente o que a mais recompensará interiormente. A lusofonia agradece! ;-)

segunda-feira, maio 15, 2006

Encaixotado...e tudo!

Um tipo está a jogar ténis e leva com uma bola forte no dito cujo.

Em agonia, dirige-se ao médico.

- "Doutor, veja lá o que pode fazer por mim. Vou casar para a semana, a minha noiva é virgem e tenho de poder cumprir com as minhas obrigações maritais."
- "Não se preocupe, vou tratar de si de modo a que esteja tudo em ordem para o dia do seu casamento."

Então, agarra em 4 pauzinhos que habitualmente usava para examinar garganta aos pacientes, e com alguma fita adesiva consegue prendê-los de forma a criar um perfeito invólucro.

O tipo não conta nada à noiva, casam-se, e na noite de núpcias, já na privacidade do quarto, a noiva fogosa arranca os botões da blusa e mostra-lhe os peitos, exclamando: "És o primeiro! Nunca nenhum homem tocou estes seios!"

Para não ficar atrás, o noivo abre a braguilha, arreia as calças e exclama: "Olha, vês? ainda está encaixotado e tudo..."

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

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quinta-feira, maio 11, 2006

Animal Irracional

Andava eu perdido, com falta de inspiração, sem palavras para partilhar, quando a Sinapse me salvou de manter o blog em silêncio. No entanto, só não me acanhei em partilhar convosco o resultado visto o mesmo ter sido o seguinte:

You Were a Cougar
You are a great leader who has dominance without ego.You are wickedly cunning and off the scale confident.


Mas agora fica-me a dúvida, isto foi no passado por onde andará agora a perversa astúcia e a auto-confiança de rebentar a escala? Isto de ser um animal racional tem muito que se lhe diga! ;-)

terça-feira, maio 09, 2006

Unidos na Diversidade

A declaração de 9 de Maio de 1950, redigida por Jean Monnet, comentada e lida à imprensa por Robert Schuman, Ministro dos Negócios Estrangeiros de França, começava assim: "A paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criativos à altura dos perigos que a ameaçam". Esta frase dava logo uma ideia da ambição subjacente à ideia da criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, e tem piada como passados 56 anos mantém toda a actualidade, embora as ameaças à paz mundial não venham agora da própria Europa mas de outros cenários e geografias. E já afirmava: "O contributo que uma Europa viva e organizada pode dar à civilização é indispensável para a manutenção de relações pacíficas".

Há 56 anos houve uma visão, o sonho de uma Europa em Paz, Solidária e Próspera. No entanto, o caminho é longo e árduo, já na altura a declaração Schuman preconizava: "A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem primeiro uma solidariedade de facto". No fundo a construção europeia é a primeira realização voluntarista do género, e embora em alguns momentos esta solidariedade pareça ausente, especialmente quando há negociações de orçamentos comunitários, a verdade é que já se deram importantes passos neste espinhoso caminho. Ainda existem lacunas e imperfeições evidentes, mas também já muito foi conquistado e edificado. Quem sonharia em 1950 com uma moeda única, ou com uma Europa a 25 a caminho dos 27?

Os valores da paz e da solidariedade são de facto a pedra angular do edifício comunitário. A Europa deve assumir a sua diversidade, respeitar a identidade e liberdade de cada um dos seus povos, e aplicar o princípio segundo o qual apenas se deve fazer em comum o que pode ser mais bem feito dessa forma. A riqueza da Europa assenta também nesta sua diversidade, na sua cultura, nos seus valores e acredito que apesar das dificuldades a União Europeia tem um grande futuro à sua frente.

Feliz Dia da Europa! :-)

segunda-feira, maio 08, 2006

Novos tempos...

Um urso, um leão e uma galinha encontram-se:

  • O urso diz: "Se eu rugir nas florestas da América do Norte, toda a floresta estremece de medo".
  • O leão diz: "Se eu rugir nas grandes planícies da África, toda a savana fica com medo de mim".
  • A galinha diz então: "Grande coisa! Se eu der um espirro, o planeta inteiro caga-se de medo".

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail)

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sexta-feira, maio 05, 2006

Matemática Musical

"Uma das componentes mais importantes da música é o ritmo – a noção do tempo, do compasso. É aqui que existe a ligação com a matemática. Partimos de algo racional, interpretamos, transformamos criando arte que nos transporta para outros mundos, outras atmosferas. Compreendi este racional, esta importância da matemática na música mais tarde, inicialmente era-me totalmente intuitiva. (…) Tudo respira matemática: a natureza, a música, a engenharia, a vida."

Bernado Sassetti in Revista Kalkular, Jornal Público 27/04/2006

Sugestão de fim-de-semana, Casa da Música amanhã 21:00 horas concerto Bernado Sassetti Trio 2.

Divirtam-se!;-)

quinta-feira, maio 04, 2006

A Importância do Sexo

Não se assustem caros leitores diários, este título bombástico destina-se apenas a aumentar a audiência do blog e a vossa curiosidade sobre o conteúdo deste artigo. Não se trata de publicidade enganosa, continuem a ler e penso que irão perceber.;-)

Margot Wallström, vice-presidente e braço direito de José Manuel Barroso na Comissão Europeia, tem um blog. Fui lá parar quase por acaso quando navegava no site Debate Europe e deparei-me com um artigo bem interessante. Neste seu artigo Margot Wallström cita um outro da revista The Economist em que se afirma que o crescimento económico é comandado pelas mulheres. O argumento principal desse artigo é que o aumento do emprego feminino foi a principal força impulsionadora do crescimento económico no mundo desenvolvido nas últimas duas décadas. E chega mesmo a defender que a existência de mais mulheres nos governos também pode estimular o crescimento económico, já que existem estudos que mostram que as mulheres são mais dadas a "gastar" dinheiro na melhoria da saúde, da educação, das infra-estruturas e das situações de pobreza e menos dadas a "desperdiçá-lo" nos tanques e nas bombas. Ou seja, o futuro do mundo e da economia mundial passa indiscutivelmente pelas mulheres, elas são o seu catalisador e força motora.

O artigo do The Economist termina com uma frase que pelos vistos Margot Wallström gosta de usar: "It used to be said that women must do twice as good as men to be thought half as good – luckily that is not difficult!". Não sei se é difícil ou não, do que eu não tenho dúvidas é que as mulheres comandam o mundo e sempre o comandaram, ou não se costuma também dizer que por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher? ;-)

quarta-feira, maio 03, 2006

Não faças na rua o que não fazes em casa…

Durante o último fim-de-semana prolongado e relaxante passado na companhia de amigos em plena lezíria ribatejana, longe do ruído citadino e da correria do dia a dia, fui brindado com uma história verídica, que mais parece uma anedota, cumprindo a velha máxima que a realidade ultrapassa sempre a ficção.

A história passa-se num comboio em que um conhecido dum dos meus amigos se instalou confortavelmente, e quando digo confortavelmente é mesmo comodamente de pernas esticadas no assento da frente.

Estava ele em seu sossego e relaxado quando aparece o revisor que o resolve interpelar pela sua postura desleixada e negligente:

“O senhor em casa também põe os seus sapatos em cima do sofá?”

Ao que o espirituoso passageiro ripostou num tom tu cá tu lá:

“E tu, também andas a picar bilhetes em casa?”

Moral da história: Não faças na rua o que não fazes em casa… ;-)

terça-feira, maio 02, 2006

Criatividade

Em África...

Numa expedição, um cachorrinho entretem-se a caçar borboletas e quando dá conta já está muito longe do grupo do safari.

Nisto vê bem perto uma pantera a correr na sua direcção. Ao aperceber-se que a pantera o vai devorar, pensa rapidamente no que fazer. Vê uns ossos e um animal morto e põe-se a mordê-los. Então, quando a pantera está quase a atacá-lo, o cachorrinho diz:

"Ah, estava deliciosa esta pantera que acabo de comer!"

A pantera pára bruscamente e desaparece apavorada pensando: "Que cachorro corajoso! Por pouco não me comia também!"

Um macaco que estava numa árvore perto e que tinha assistido à cena, corre atrás da pantera para lhe contar como foi enganada pelo cachorro.

Então, a pantera furiosa diz: "Maldito cachorro! Agora vamos ver quem come quem!"

"Depressa!" - disse o macaco. "Vamos alcançá-lo."

O cachorrinho vê que a pantera vem de novo atrás dele com o macaco às cavalitas... "O que faço agora?" O cachorrinho, em vez de fugir, senta-se de costas para a pantera como se a não visse e, quando esta está quase a atacá-lo, diz:

"Raios partam o maldito macaco! Há meia hora que eu o mandei trazer-me outra pantera e ele ainda não voltou!"

Moral da história:"Em momentos de crise a imaginação é mais importante que o conhecimento."(Albert Einstein)

(Parvoíce de 2ª feira recebida por e-mail e excepcionalmente publicada numa 3ª feira ;-))

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