Periférico

Um Blog desalinhado, independente e situado à margem do politicamente correcto! O olhar de um Periférico na periferia da Europa.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Hemóstase Periférica




No outro dia a minha dentista em plena consulta disse-me que eu tinha uma boa hemóstase.

Presumo pela sonoridade da palavra e pela tónica no boa que seja uma qualidade! ;)

terça-feira, novembro 29, 2005

Provocações Periféricas

#1 Um Relatório do Tribunal de Contas aponta irregularidades graves no Metro de Lisboa. Aparentemente a obra de construção da linha amarela, entre o Campo Grande e Odivelas, custou mais 61% do que o previsto inicialmente. O Tribunal de Contas diz nesse relatório que detectou na empresa um "défice crónico", uma "sub orçamentação" e uma "derrapagem orçamental". Será que o Metro de Lisboa será alvo do mesmo rigor e exigência com que foi tratado o Metro do Porto? Ou mais uma vez teremos dois pesos e duas medidas, e a administração do Metro de Lisboa será alvo de uma atitude mais branda por parte do Governo?

#2 Não querendo entrar na polémica da aparentemente irreversível decisão de construção do novo Aeroporto Internacional de Lisboa na Ota, alguém me explica qual a urgência e inesperada necessidade de levar a rede do Metro de Lisboa até ao Aeroporto da Portela? Este Aeroporto não (sobre)viveu até hoje sem metropolitano? A capital não recebeu já grandes acontecimentos internacionais como a Lisboa Capital Europeia da Cultura de 1994, a Expo 98 e o Europeu de Futebol de 2004, que não chegaram a ser um pretexto suficientemente forte para a construção desta nova linha? E agora que se vai construir um novo aeroporto a 40 km de Lisboa é que é tão premente a construção desta linha para o Aeroporto da Portela que está condenado a desaparecer em 2017? Vai-se gastar milhões de euros numa linha que daqui a 12 anos não serve ninguém?

#3 Por último, um estudo coordenado por Augusto Mateus: "Competitividade Territorial e Coesão Económica e Social"; e apresentado hoje ao Governo e às sete Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional vem, mais uma vez, pôr a nu as crescentes assimetrias do país. Segundo esse estudo as diferenças de competitividade entre a área polarizada por Lisboa e o resto das regiões não pararam de aumentar no prazo de vigência dos quadros comunitários de apoio (QCA) anteriores. Um relatório recente da Comissão Europeia reconhecia mesmo que "os fundos estruturais foram concentradas de forma excessiva em Lisboa". Manuel Carvalho diz hoje no editorial do Público o seguinte: "O que o estudo de Augusto Mateus suscita é um problema urgente e óbvio: não se pode assistir impávido e sereno ao colapso económico de uma região que foi, até há pouco, um dos principais motores da economia nacional", referindo-se à Região do Norte. O estudo aponta várias recomendações sendo esta uma delas: "O país tem de optar por estratégias regionais diferenciadas e claramente orientadas para a competitividade, articuladas com os objectivos da Iniciativa para o Crescimento propostos pela Comissão Europeia e da Estratégia de Lisboa." Não será a hora, para melhor se aplicar estas estratégias regionais diferenciadas e melhorar a competitividade do país como um todo, de se proceder à Regionalização inscrita na Constituição da República Portuguesa Capítulo IV: Artigos 255º a 262º?

segunda-feira, novembro 28, 2005

Citação Periférica



“Gosto da água e do entardecer. É qualquer coisa que me acalma. É provável que isto defina um carácter, talvez uma patologia?”

Olivier Rolin in Bar da Ressaca (Bar des flots noirs)

sexta-feira, novembro 25, 2005

Efeméride Periférica

Há 30 anos atrás o país esteve à beira da guerra civil, mas mais uma vez a originalidade dos brandos costumes lusos fez com que tudo acabasse em bem.

No entanto, na madrugada de 25 para 26 de Novembro deu-se um acontecimento muito mais importante. O Periférico então com 3 anos de idade e vivendo ainda em plena capital deste país caía da cama e partia a clavícula esquerda.

Bom fim-de-semana!;-)

terça-feira, novembro 22, 2005

Palavra Periférica

Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico
(46 Letras)
Maior palavra da língua portuguesa de acordo com o Dicionário Houaiss.
Esta palavra descreve o estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas.
Experimentem agora lê-la, é de ficar sem fôlego! ;-)

segunda-feira, novembro 21, 2005

Notícias Periféricas

De regresso à periferia deparo-me com duas notícias no Diário Digital que me fazem questionar a sanidade mental de alguns dos terráqueos.

#1 A primeira notícia pode ser considerada um fait divers que felizmente não teve consequências. Uma mulher francesa, Sandrine Helene Sellies, 34 anos, admitiu ter tentado no sábado passado abrir uma porta de um avião a meio do voo, para fumar um cigarro. Como tem medo de andar de avião Sandrine tomou álcool e comprimidos para dormir antes de embarcar num voo de Hong Kong para Brisbane, Austrália, mas o efeito não foi bem o pretendido e em pleno voo a passageira foi vista no avião a caminhar para uma porta, levando na mão um cigarro apagado e um isqueiro. Agora imaginem a cena que não deve ter sido quando começou a tentar forçar a saída de emergência, até ser impedida por uma hospedeira.

#2 A segunda notícia é um pouco mais séria e quase impensável em pleno século XXI. Num país civilizado e desenvolvido como é o Reino Unido um estudo efectuado pela Amnistia Internacional revela que pelo menos um terço dos britânicos acredita que uma mulher é responsável, parcial ou totalmente, por ser violada se tiver flirtado com o homem. E 25% acredita mesmo que a mulher é parcialmente culpada da violação se tiver usado roupas reveladoras ou se estava embriagada. Estes iluminados qualquer dia estão a defender o uso da Burka no Ocidente. Meninas, muito cuidado com os decotes, saias demasiado curtas ou calças excessivamente justas. Ainda bem que estamos no Inverno, deve haver menos violações por lá.

Anda tudo doido!

quinta-feira, novembro 17, 2005

Periférico no Cinzento de Bruxelas

Mais uma vez por razões profissionais o Periférico deslocou-se ao Coeur de l'Europe onde teve o privilégio de jantar No Cinzento de Bruxelas e comprovar que pelo menos gastronomicamente Bruxelas não é nada cinzenta! Muito obrigado por um serão bem agradável ao som da música de latitudes africanas!

P.S. Este artigo elaborado ainda aqui em Bruxelas teve a particularidade de ser escrito num teclado AZERT. Não é fácil acreditem. Desde a posicão das letras até aos acentos tudo é diferente! É quase como reaprender a escrever de novo no teclado...

segunda-feira, novembro 14, 2005

Periférico Elitista

Sexta-feira passada fui ver a peça O Inimigo (1882) que estava em cena no pequeno auditório do Rivoli. Este texto do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) mantém a sua actualidade, ao criticar a manipulação da opinião pública e a força da maioria compacta, mas não é propriamente dele que vou falar. O que me leva a escrever este artigo foi o facto de ter assistido a este espectáculo na companhia de alunos de duas escolas secundárias.

A ideia de levar os jovens ao Teatro é louvável, incutir hábitos culturais nunca fez mal a ninguém, bem pelo contrário, mas o que se passou na sexta-feira naquela sala leva-me a concluir que já não há respeito, nem pelos professores, nem pelas outras pessoas. Esta falta de respeito começou pela forma como estes jovens se instalaram na sala, não respeitando quem já estava sentado e continuou por toda a peça onde se manteve um burburinho constante, pontuado aqui e ali por comentários em tom de voz demasiado audível pela restante plateia.

A encenação, que colocava os actores muito próximos da primeira fila em alguns momentos da peça, sofreu até o risco de ter a participação física duma jovem espectadora que, a certo momento, se ria de forma histérica e que por pouco não atingiu um dos actores. A jovem lá acabou por se acalmar, mas só quando uma das meninas do Rivoli lhe chamou a atenção.

O que mais me impressionou, para além deste comportamento de completo desrespeito pelos actores e pelas outras pessoas na plateia, foi a passividade dos professores que os acompanhavam. De certeza que não fizeram um trabalho de sensibilização, nem de chamada de atenção de como estar numa sala de teatro. Os seus alunos comportaram-se como se fossem eles os donos e senhores da sala, marimbando-se completamente para os restantes.

É assim que se formam as futuras gerações? A falta de civismo choca-me e quando vejo seres em pleno processo educativo a comportarem-se desta forma perante a passividade total de quem tem alguma responsabilidade na sua formação, eu fico ainda mais chocado.

Chamem-me elitista, mas se é para se comportarem assim prefiro que estes seres imberbes não vão ao teatro, especialmente no mesmo dia que o Periférico.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Segundo Periférico



São notícias destas que me alegram o dia. Andamos sempre a correr, a pensar que nos falta tempo, a termos a sensação que os dias, as semanas, os meses, os anos passam cada vez mais rapidamente por nós e afinal estamos todos enganados.

Segundo investigadores da Universidade de Bona o Ano de 2005 terá um segundo a mais, uma vez que a Terra está a girar cada vez mais lentamente.

A 31 de Dezembro de 2005, às 23:59:59 horas do meridiano de Greenwich será introduzido um segundo adicional antes do relógio marcar as 00:00:00 do dia 1 de Janeiro. Este último minuto do ano terá assim 61 segundos e fará com que muitas garrafas de champagne sejam abertas antes do tempo na passagem de ano!

Não é primeira vez que isto acontece, desde que nasci em 1972 já foram introduzidos um total de 32 segundos adicionais, ou seja, sou meio minuto mais velho do que pensava.

É um segundo precioso, guardem-no no vosso bolso, ou na vossa carteira e destinem-no aquilo que vos der mais gozo, satisfação, ou mesmo jeito.

terça-feira, novembro 08, 2005

Cineasta Periférico


Marco Martins, 33 anos, realizador de Alice dizia ao DNA (suplemento do Diário de Notícias) na passada sexta-feira o seguinte: “Quando crio não penso nos prémios que posso ganhar, mas é muito importante ter-se o reconhecimento do nosso trabalho, e mais do que tudo é um estímulo enorme para continuar a fazer coisas. Não deve haver nada de pior do que criar e depois ninguém ver. Isso é muito pior do que as reacções negativas. Ninguém ver é quase como não existir”.

Ontem li no diário digital que, depois de já ter recebido o prémio revelação Régard Jeune no festival de Cannes, o filme Alice se encontra nomeado para os Prémios de Cinema Europeu, na categoria Fassbinder destinada a artistas revelação.

Este novo cineasta português é realmente uma revelação, tanto no discurso como na forma de filmar. Não se esconde debaixo de uma pose intelectual a dizer que está-se nas tintas para o público, pelo contrário, acha que criar e ninguém ir ver é quase como não existir.

Alice não é um filme fácil, o filme tem pouco diálogo, a sua atmosfera é obsessiva e pesada, mas em três semanas de exibição conta já com 30 mil espectadores, o que é obra para um filme português.

Existe público e espaço para os filmes portugueses, se houver uma boa história e se os actores se esquecerem que não estão no teatro. Não é necessário declamar no cinema, a naturalidade da maior parte das interpretações neste filme é impressionante. Esta é talvez uma das razões porque as pessoas aderiram ao filme e se identificaram com ele, as personagens são pessoas de carne e osso, não seres iluminados pelos dons da oratória e da filosofia.

Pela minha parte vou ficar atento ao percurso deste promissor cineasta que felizmente pensa que: “Ninguém ver é quase como não existir”. O Cinema sem espectadores não existe, é uma arte para ser vista e isso não é sinónimo de ser comercial.

Alice é já um marco na forma de fazer e ver cinema em Portugal.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Era Uma Vez...

Quatro funcionários públicos chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém. Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria.

Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém zangou-se porque era um trabalho para Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria.

No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito. Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um quinto funcionário para evitar todos estes problemas...

(P.S. Recebida por E-Mail)

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sexta-feira, novembro 04, 2005

HINO PERIFÉRICO



Em pleno Atlântico, a uma latitude africana, numa ilha que marca o início da grande aventura e desígnio nacional que foram os Descobrimentos, não deixa de ser comovente, emocionante mesmo, escutar de pé, em pose solene o Hino da Alegria. Hino esse que representa o sonho de uma Europa una, solidária e fraterna.

Pode-se considerar um sonho utópico e até me podem acusar de ingénuo, mas arrepia-me ver 300 pessoas de mais de 20 nações europeias de pé a escutar o Hino da Alegria como se fosse o hino de todos os europeus.

O caminho é longo e cheio de obstáculos, mas no fundo todos queremos mais da Europa, aspiramos a mais e não a menos. Jacques Délors, esse grande presidente da Comissão Europeia — que infelizmente ainda não teve um sucessor à altura — , dizia que:” A Europa é como uma bicicleta, se pararmos de pedalar caímos todos”. Muito eurocépticos chamam a isto de “fuga para a frente” : diria antes que é um método que funciona desde que se saiba pedalar e se saiba para onde se quer ir.

Há que manter o sonho Europeu vivo, lembrarmo-nos do longo caminho já percorrido desde o final da II Guerra Mundial. Nos momentos de crise há tendência a valorizar os aspectos negativos, quando por vezes seria mais construtivo analisar o que já foi alcançado, destacar o lado positivo. Perante as dificuldades, impasses e fracassos recentes somos tentados a esquecer o que já se conseguiu.

Posso ser sonhador ou até utópico, mas acredito que a União Europeia tem um grande Futuro à sua frente. E tudo isto porque me arrepio quando ouço de pé, em pose solene, no meio de 300 pessoas de mais de 20 nacionalidades o Hino da Alegria.

Há que continuar a pedalar!

quarta-feira, novembro 02, 2005

Periférico vai à Ultraperiferia




Razões profissionais levam o Periférico a deslocar-se à Pérola do Atlântico, Região Ultraperiférica deste nosso velho continente.

O Periférico regressa ao vosso convívio na segunda-feira.

Um Bom resto de semana!