Periférico

Um Blog desalinhado, independente e situado à margem do politicamente correcto! O olhar de um Periférico na periferia da Europa.

quarta-feira, março 30, 2005

Small Blue Thing



Hoje estou num dia Blue por isso escolhi a letra de uma música da Suzanne Vega para ilustrar o meu estado de espírito:


Small Blue Thing
Suzanne Vega

Today I am
A small blue thing
Like a marble
Or an eye

With my knees against my mouth
I am perfectly round
I am watching you

I am cold against your skin
You are perfectly reflected
I am lost inside your pocket
I am lost against
Your fingers

I am falling down the stairs
I am skipping on the sidewalk
I am thrown against the sky

I am raining down in pieces
I am scattering like light
Scattering like light
Scattering like light

Today I am
A small blue thing
Made of china
Made of glass

I am cool and smooth and curious
I never blink
I am turning in your hand
Turning in your hand
Small blue thing

terça-feira, março 29, 2005

Presunção de inocência



Maria Filomena Mónica (MFM) assina uma crónica no Público de hoje que nos deve fazer reflectir. Nesta crónica MFM disserta sobre a insuficiência da nossa justiça na utilização de provas reais e de em muitos casos por deficiência do próprio processo de investigação toda a formulação da culpa se basear em prova testemunhal ou mesmo em confissão dos autores do crime.

MFM diz a certa altura algo que devia fazer um estado direito como o nosso repensar os seus meios e processos de investigação: “Um estudo retrospectivo das perícias de natureza sexual, feitas na Região Norte, no primeiro semestre de 2004, demonstrou que só metade dos casos remetidos para a delegação do Porto haviam sido observados até às primeiras 72 horas depois da ocorrência. A outra metade ultrapassou o limite, o que torna os testes inválidos; ou seja, mesmo quando a evidência está disponível, o Estado português é incapaz de a analisar atempadamente” e para realçar as consequências desta evidente lacuna no processo de investigação dá o seguinte exemplo: “Os resultados são trágicos. Se eu for violada no Porto, corro o risco de, quando os vestígios do crime forem examinados, já não terem qualquer valor para efeitos de prova.”

Utilizando o caso de Joana Cipriano como fio condutor da sua reflexão MFM termina com uma afirmação que faz meditar noutra vertente destes casos mais mediáticos que na maioria das vezes põem a nu as deficiências do sistema de investigação e judicial em Portugal: "Os algarvios que esperaram horas a fio pela carrinha que transportava Leonor Cipriano, estavam ali apenas com um desejo: linchá-la. A responsabilidade pela crise na justiça não reside apenas nas autoridades. Para o povo português, a presunção da inocência é um luxo para consumo de intelectuais."

Eu penso que neste aspecto o papel dos media não pode ser ignorado, muitos deles se encarregam de julgar as pessoas antes de serem julgadas. E como temos em Portugal aquele sábio ditado que diz que “Não há fumo sem fogo” basta criar uma grande fumaça para termos processos sumários da opinião pública. Tudo se tornava mais límpido e claro se os processos de investigação fossem mais céleres, discretos e baseados em provas materiais concretas, que não dessem azo a todo o tipo de especulações que infelizmente e gratuitamente pululam nos nossos meios de comunicação social.

segunda-feira, março 28, 2005

Fumar ou fazer bebés?



Espero que tenham tido uma boa páscoa! Eu confesso que na ressaca da comezaina pascal e com este dia cinzento não me sinto lá muito inspirado hoje, mas já que encontrei esta notícia com piada resolvi partilhá-la convosco. E já agora um aviso à navegação, embora a imagem o sugira eu não sou anti-tabagista.

No Taiwan, é preciso optar. Segundo um novo projecto de lei, as mulheres grávidas que fumam estarão sujeitas a uma multa. No âmbito da luta contra o tabaco, futuras mamãs surpreendidas no acto de fumar incorrem numa sanção de 10.000 dólares “taiwaneses” (240 euros). “O cigarro é uma das principais causas de abortos espontâneos e de nascimentos prematuros”, declarou um responsável da saúde pública, Yu PoTsun.

Assim no Tawain é preciso optar por um dos "prazeres" fumar ou fazer bébés, resta saber como será feita a fiscalização ;-)? Big Brother is watching you?

quinta-feira, março 24, 2005

Afterlife Telegrams



Em pleno século XXI existem neste mundo certos serviços online que nos fazem meditar no que a mente humana é capaz de engendrar. Neste tempo de Páscoa achei que seria apropriado partilhar convosco a existência de um serviço com estas características peculiares e em que os potenciais clientes têm que ter uma fé inabalável na vida além da morte, pois não vem com garantia de ser bem sucedido.

Este serviço disponível em afterlifetelegrams propõe uma forma “original” de comunicar com pessoas nossas queridas que já tenham falecido. E como é que tudo se processa? Aqui vem a parte sinistra, as mensagens serão memorizadas por pacientes em fase terminal que se encarregarão de as transmitir no além. Estes “novos” mensageiros são voluntários que têm um prognóstico de sobrevivência de menos de um ano. As mensagens são facturadas a 5$ dólares por palavra e os mensageiros são testados regularmente para se assegurar que têm bem memorizada a missiva que irão transmitir no além.

Já imaginaram um doente terminal a ser testado regularmente se tem bem memorizada a missiva que irá transmitir no além? É simplesmente mórbido e inacreditável.

Mas o melhor vem agora, esses 5$ doláres são destinados conforme a vontade do mensageiro a um seu parente, a ajudar as suas despesas médicas, ou doados para caridade.

Que bela filantropia não acham?

quarta-feira, março 23, 2005

Insólito mas pelos vistos eficaz!!!



Mais uma notícia recolhida nos jornais do avião que me trouxe de regresso à periferia, que pode ser uma boa sugestão de um método inovador e pelos vistos eficaz de combater a evasão fiscal. Que dirá o nosso novo ministro das finanças? Será que pega na ideia? Só é pena não ter um toque de choque tecnológico... e a tecnologia aplicada ser bastante ancestral ;-)!

Na Índia, o fisco de Rajahmundry, no Andhra Pradesh, contratou tocadores de tambor para fazer chegar à razão os contribuintes recalcitrantes. Os dappu instalam-se frente à habitação dos maus pagadores e tocam sem repouso até estes terminarem por regularizar a sua dívida. Vinte grupos de batedores foram mobilizados para esta tarefa. Cada cobrança é recompensada por um prémio. O método revela-se pelos vistos eficaz: numa semana, o fisco recuperou 18% de impostos por pagar. Fiscais dos impostos foram igualmente destacados para difundir por altifalante nos templos religiosos o nome dos devedores inveterados.

Não acham que é uma boa ideia para combater a evasão fiscal em Portugal?
Já imaginaram as reacções dos vizinhos? Devia dar origem a cenas hilariantes de Portugal no seu melhor :-)!

terça-feira, março 22, 2005

33!!!



33 Anos!

Hoje é o meu trigésimo terceiro aniversário!

Façam o favor de me darem os parabéns ;-)!!!

Obrigado

segunda-feira, março 21, 2005

Como caçar um antílope sem deixar o seu sofá!!!



Na viagem de regresso à periferia descobri nas proveitosas leituras da imprensa estrangeira esta insólita nova modalidade de caça.

A Internet está mais rica e conta com uma nova perversão. O empresário texano John Lockwood criou um site (www.live-shot.com) no qual o cibernauta, tranquilamente sentado na sua cadeira e à distância de um só click, pode disparar balas verdadeiras sobre a caça do seu rancho privado em San Antonio.

Para se tornar membro deste “clube" o utilizador paga um direito de entrada de 14.95$ doláres que lhe permite aceder durante 30 dias a esta “Reserva de Caça”. Por cada sessão o “caçador” online paga 5.95$ doláres e dispõe então de 20 minutos para dez tiros. Pode ainda pagar mais 9,95$ doláres para ter direito a um DVD com a gravação da sua sessão!!!

Como é que tudo funciona? Existe uma câmara teleguiada com uma mira que se encontra acoplada a uma espingarda, e que transmite ao utilizador imagens da zona de caça. Através do rato o “caçador” online controla a arma, faz pontaria e ao avistar um antílope, um javali, ou uma das outras espécies disponíveis no catálogo desta reserva, dispara a arma clicando no rato!!! (Demonstração Video)

Para impedir que se dispare sobre animais que não constam do catálogo existe um vigia encarregado de velar pelo bom desenrolar das operações no terreno. Desconheço se alguém já fez pontaria a este vigia, mas não lhe invejo a função!

Esta nova modalidade de caça como é natural já deu origem a controvérsia. Vejamos algumas das reacções:

“Disparar sobre um animal a partir de um ecrã, com uma arma telecomandada como num vídeo jogo, não tem nada a ver com a caça comum, é contrário a qualquer norma ética” insurge-se Kirby Brown, o director do Texas Wildlife Association, uma associação de caçadores. Não sabia que a caça tinha uma ética, mas estamos sempre a aprender!

Até mesmo a associação texana dos caçadores de caça grossa critica esta nova prática e prepara uma proposta de lei que proíba a caça teleguiada. Quanto a mim, este Jonh Lockwood deve estar certamente a roubar cota de mercado a esta associação, só pode!

Mas o criador desta nova modalidade de caça não compreende a polémica. Segundo Jonh Lockwood, não há grande diferença entre a caça sobre o ecrã e a caça tradicional texana, onde se atrai a caça com alimento antes de disparar a partir de uma cabana de tiro. Além disso vê ainda outras vantagens pois permite às pessoas deficientes e aos soldados em missão continuarem a entregar-se à sua paixão pela caça. E defende: “desde que o homem parou de correr atrás da caça e a matá-la com as mãos nuas, o caçador não cessou de tomar as suas distâncias no que diz respeito ao animal e de aumentar a sua eficácia”. Adoro este argumento do aumento de eficácia!

Para finalizar uma nota curiosa que diz muito desta polémica e do que se entende como ética de caça. Desde 2001, o recurso ao Robo-Duck, pato artificial que serve para atrair o seu semelhante de carne e osso, é proibido aos caçadores do Estado de Washington: violava o princípio fair-play.

Meus caros termino como diria o saudoso Fernando Pessa: “E esta hem?”

terça-feira, março 15, 2005

Periférico vai ao Centro



Por motivos profissionais desloco-me ao Centro amanhã estando agendado o meu regresso à Periferia na próxima 6ª feira 18.03.2005.

Um abraço

segunda-feira, março 14, 2005

Saiba




Saiba
Arnaldo Antunes - 2003

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você

sexta-feira, março 11, 2005

Dark Side of The Moon



Hoje apetecia-me apanhar um foguetão e ir explorar o lado oculto da lua!

Tudo isto despoletado pelo DVD que hoje vem com o Público do Tintim: "Objectivo Lua".

Há dias assim, dias lunares!

quinta-feira, março 10, 2005

Hit Song Science (HSS)



Bem vindos à sociedade de informação, anda tudo tão entretido com o “choque” tecnológico que algumas maravilhas da tecnologia já não escandalizam ninguém.

Uma notícia publicada hoje na última página do Público revelou-me a existência de um programa informático (Hit Song Science) capaz de avaliar se uma canção pode ou não transformar-se num êxito. E ao que parece não é futurologia pois já teve aplicações bem práticas, como por exemplo ajudar a editora dos Maroon 5 a decidir quais as músicas do álbum Songs about Jane que seriam os singles.

A existência deste programa informático fez-me recordar um livro que li para aí à 8 anos chamado A Fraude de Rui Miguel Saramago, que foi prémio LER/Círculo dos leitores em 1996. Este livro conta a história de Querubim, um poeta acidental, habitante de um mundo em que a qualidade dos textos literários é analisada mediante uma abordagem científica, com fórmulas desenvolvidas para o efeito e integradas em programas informáticos que de forma rigorosa quantificam o seu valor. Querubim, para surpresa geral, dá à luz poemas perfeitos, que atingem os valores mais elevados da história da avaliação científica da qualidade dos textos. O segredo de Querubim vem-se a saber mais tarde é que a deusa Vénus se apaixonou por ele e era no fundo a sua musa inspiradora, a razão da perfeição dos seus poemas.

Ao ler esta notícia lembrei-me logo desta história e pensei que às vezes aquilo que julgamos ser ficção científica está mais próximo da realidade do que à primeira vista aparenta. Mas sinceramente aflige-me que a qualidade musical, literária ou artística de uma obra venha ser medida por um qualquer algoritmo matemático. A capacidade de uma música nos emocionar, de um livro nos fazer sonhar, de uma pintura nos cativar não se pode racionalizar. Até porque qualquer fórmula desenvolvida para o efeito terá sempre tendência para a “standardização” o que dificilmente premiará a genialidade mas apenas o “mainstream”.

Quanto a mim quero continuar a ser surpreendido pela arte e a desconhecer por completo a formula matemática responsável por uma canção me fazer chorar!

quarta-feira, março 09, 2005

55 Minutos de trabalho para uma ida ao cinema.



Recolhi este dado interessante numa notícia do Diário Digital de hoje e achei que sempre era um assunto mais periférico para tratar do que a vitória do Mourinho sobre o Barcelona, ooppps do Chelsea sobre o Barcelona para a liga dos campeões.

Ontem fui ao cinema ver o Million Dollar Baby galardoado com o Óscar de melhor filme do ano. Desconhecia em absoluto que para o fazer tive que trabalhar 55 minutos para ganhar dinheiro que chegue para o bilhete, mas é isso o que diz uma sondagem elaborada pela Screen Digest. Ou seja, para ver um filme de duas horas tive que trabalhar o quase equivalente a metade da sua duração.

É uma relação interessante 55 minutos de trabalho=1 bilhete de cinema, já imaginaram se os nossos salários fossem pagos em bilhetes de cinema? Uma semana de 40 horas (2400 minutos) de trabalho equivaleria a 44 (43,6) bilhetes de cinema, ou seja, mais que todos os filmes em cartaz nas salas Portuguesas. E ao fim de um mês (22 dias úteis) a trabalhar 8 horas por dia teríamos direito a nada mais nada menos que 192 bilhetes de cinema. Isto implicaria que iríamos ter de ver em média mais ou menos 6 filmes por dia, ora se os filmes durassem duas horas, num dia trabalharíamos 8 horas, passaríamos 12 horas a ver filmes e ficaríamos com 4 horas para dormir. A magia dos números e as estatísticas têm estas coisas curiosas! Ainda bem que não nos pagam em bilhetes de cinema pois não haveria filmes suficientes, nem tempo para os ver a todos :-) !!!

Mais alguns dados curiosos apresentados por esta sondagem:

  • A média mundial é de 57 minutos de trabalho por bilhete, ou seja, para variar estamos abaixo da média, mas mesmo assim próximo dela;
  • A Índia e os EUA são os países em que os habitantes têm que trabalhar menos tempo por um bilhete de cinema 16,1 e 23,9 minutos respectivamente;
  • Os cidadãos da Estónia com 117,9 minutos e da Bulgária 122,7 minutos são aqueles que no universo do estudo têm que trabalhar mais por um bilhete de cinema.

E já agora só para terminar acho que o Million Dollar Baby vale bem o preço de 55 minutos de trabalho, é uma obra-prima, se ainda não viram vão ver!!!

terça-feira, março 08, 2005

A Mulher esse verdadeiro mistério da criação…



No princípio era o verbo…

Que seria do mundo sem as Mulheres, sem o eterno feminino? Certamente um lugar mais cinzento, mais previsível, mais monótono… e claro com muito menos montras e lojas.

Eu penso que a existência das Mulheres é o que torna o nosso mundo habitável, além de gerarem a vida (mais um dos seus mistérios), são elas que tornam a vida uma aventura imprevisível, sem os seus ciclos lunares e alterações de humor a vida seria muito mais insossa.

Sem a sua sensibilidade os homens não teriam ganho maneiras, o negócio das cervejas seria certamente muito mais rentável e a televisão passaria a ser só uma trilogia de: futebol, desporto e política.

Sem as Mulheres não haveria poesia, nem poetas, nem trovadores, nem pintura, nem escultores, nem músicos por ausência de musas e assim os homens estariam desprovidos de inspiração e nenhum deles seria artista.

Sem Mulheres venceria o racional, o frio, o cinzento, o lógico, os planos, o insosso, o inodoro e o incolor…

Dia da Mulher, esse ser misterioso, complexo, sensível, irresistível… A vida sem as Mulheres não tem graça!

Como Homem termino este post com uma frase mediaticamente célebre: Mulheres Obrigado por Existirem!!! :-)

segunda-feira, março 07, 2005

Um Poeta Periférico

Hoje a inspiração não me chega, mas como se costuma dizer que somos um país de poetas resolvi socorrer-me da poesia. José Tolentino Mendonça poeta contemporâneo foi-me "apresentado" por uma pessoa que me é muito próxima, logo numa primeira leitura este poema ficou-me gravado na memória e à flor da pele. Acho simplesmente lindo este poema:

Calle Principe, 25

Perdemos repentinamente
a profundidade dos campos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
a conservar
mas levamos anos
a esquecer alguém
que nos olhou apenas

de Baldios(1999)

.

sexta-feira, março 04, 2005

Mas não foi esta a verdadeira razão porque eu hoje “postei”...



Nunca vos aconteceu alguém vos ligar e depois de bastantes trivialidades, muitas banalidades e algumas verdades vos dizer assim:

“Mas não foi esta a verdadeira razão porque te liguei”

Ansiedade e suor frio logo a seguir, o que é que aí virá? E a maioria das vezes não é nada de especial, só mais uma banalidade, ou algo que verdadeiramente não se pode assumir como uma razão urgente de um telefonema.

Vivemos no século das telecomunicações, alguém ainda se lembra de não ter telemóvel? Hoje ligamos por tudo e por nada, porque nos lembramos de alguma coisa, porque queremos partilhar imediatamente algo e sentimos essa urgência de comunicar.

E os e-mails? Alguém se lembra de não ter e-mail? Quantas mensagens são trocadas por dia? Quantas são re-encaminhamadas? Quantas ficam à espera de uma resposta quase imediata?

No natal e aniversários mandamos postais virtuais e sms, já quase ninguém escreve cartas, os outros estão à distância de um “clique” no nosso teclado ou telemóvel.

As vezes sabia bem haver menos urgência e viver a vida com outro vagar.

Mas não foi esta a razão porque eu hoje “postei”, a verdadeira razão foi a pensar nesse vagar de outros tempos vos desejar um bom fim-de-semana! :-)

quarta-feira, março 02, 2005

Estudo: Um sexto das adolescentes faz sexo desprotegido



Uma notícia publicada hoje no diário digital refere que um estudo de iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR), intitulado «Avaliação das Práticas Contraceptivas das Mulheres Portuguesas» revela que uma em cada seis adolescentes tem uma vida sexual activa sem utilizar qualquer contraceptivo. Os resultados definitivos deste estudo serão apresentados na próxima terça-feira, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

Esta que é uma das conclusões “surpreendentes” deste estudo que expõe segundo os seus autores «claramente as deficiências na contracepção neste grupo em particular (adolescentes), onde uma gravidez não planeada poderá ter consequências mais significativas».

Eu penso que esta conclusão nos deve fazer meditar. Acho que qualquer que sejam as nossas convicções algo está a falhar na mensagem que passa para os jovens. Quer se defenda a abstinência sexual nestas idades (algo difícil nos dias que correm) ou uma vida sexual consciente e responsável, esta conclusão do estudo põe a nu uma insuficiência que só hipocritamente poderá continuar a ser ignorada. A mensagem que tem vindo a ser transmitida não é absorvida correctamente pelos jovens.

Basta de hipocrisias e falsos moralismos, se em pleno século XXI e segundo o mesmo estudo «Não obstante as entrevistadas se considerarem satisfeitas com a informação relativa a contracepção, 22,9% já utilizaram o coito interrompido, um método reconhecidamente falível» algo está a falhar. A Educação Sexual não pode mais continuar a ser encarada como um tabu.

Eu até posso compreender que alguém defenda que a educação sexual é algo que se devia passar no foro familiar, o problema é que na maioria dos casos isso não acontece e continua a ser um tabu, pais e filhos simplesmente não comunicam. Preferem não saber ou fingir que não sabem o que se passa. Os Pais podem até desconfiar, mas “credo” não querem ter a confirmação da boca da própria filha que já não é pura, casta e virgem.

Eu até posso tentar compreender algum receio que possa haver em relação aos conteúdos programáticos da Educação Sexual nas escolas do tipo: Que estarão a ensinar aos nossos filhos? Será que lhe estão a incutir algum tipo de comportamento desviante? A dizer-lhes que tudo é normal, tudo é permitido, basta um preservativo? No entanto, algo está a falhar e penso que tem que haver bom senso e coragem para de uma forma simples e concreta incutir nos jovens uma sexualidade consciente e responsável.

Os resultados provisoriamente apresentados deste estudo para mim são reveladores, embora estejamos numa época em que se fala do livre acesso à informação, das maravilhas da Internet, uma parte significativa dos adolescentes vivem numa falsa sabedoria, pensam que sabem tudo e afinal são ignorantes, pensam que só acontece aos outros e quando menos esperam deparam com uma gravidez indesejada ou uma doença sexualmente transmissível.
Mais vale prevenir que remediar. O aborto será sempre um mau e traumatizante remedeio, uma questão que levantará sempre mais problemas éticos e morais complexos que uma educação sexual responsável, consciente e eficiente.

Haja bom senso e coragem, a realidade não pode ser mais ignorada.

A corrida aos bilhetes para o concerto dos U2



Nunca entendi estas euforias desenfreadas por causa de um bilhete para um concerto.
Eu adoro música, não consigo viver sem ela, mas acho que existem comportamentos que simplesmente não se compreendem. E não é inveja, eu vi os U2 das últimas duas vezes que vieram actuar ao antigo Estádio José de Alvalade, mas simplesmente acho que não vale a pena passar duas noites ao relento debaixo desta vaga de frio para os ir ver por muito bons que sejam. Como me dizia uma pessoa próxima: " Sei lá onde vou estar no dia 14 de Agosto?".

Se alguém vindo de fora não soubesse o que se estava a passar e dado um dos patrocinadores do concerto ser uma gasolineira podia pensar que estávamos de novo em pleno choque petrolífera dada a confusão verificada nas bombas de gasolina.

Alguns episódios que a cobertura mediática nos tem dado desta euforia são ”comoventes”, como o do progenitor todo contentem depois de uma noite passada ao relento numa das filas com os bilhetes que tinha comprado para os filhos e respectivas namoradas. O que um pai não faz pelos filhos!!! Estes devem ter ficado todos contentes no quentinho enfiados debaixo do edredão com as respectivas namoradas enquanto o papá enregelava na fila e ouvia um coro desafinado a entoar músicas dos U2.

Outros episódios são simplesmente caricatos como o aparecimento de tantos “cromos” com capacidade de liderança para organizar uma fila, como sempre que filmam alguém do sexo feminino que decide cantar escolhe sempre a música "with or without you", no fundo é espantoso como o concerto dos U2 se tornou uma causa capaz de mobilizar a sociedade portuguesa.

Onde está esta capacidade de mobilização e sacrifício no local de trabalho, na universidade, na política? Aí já é tudo amorfo, tudo indiferente, tudo acomodado ao nosso triste fado! Mas para um concerto dos U2 todos os sacrifícios são possíveis e valem a pena! Querem ver que os U2 ainda vão ser a alavanca para ganharmos o desafio da competitividade?

Eu sinceramente acho que esta corrida aos bilhetes foi uma estratégia criada pela própria promotora para ninguém questionar o preço dos mesmos e se sentir um privilegiado por conseguir um pálido ingresso. É velha lei da oferta e da procura, quanto mais escasso é um bem, mais valioso e desejado. Os sucessivos adiamentos da venda dos bilhetes, e o facto de só terem disponibilizado a quantia rídicula de dez bilhetes no multibanco provocou corrida desenfreada a que assistimos.